Ao defender Cid na CPI, Eduardo Bolsonaro desinforma sobre urnas e vacina

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a desinformar sobre o sistema eleitoral e sobre a eficácia das vacinas contra a covid-19. Desta vez, entretanto, o parlamentar usou como palanque a CPMI do 8/1.

Durante a Comissão, ele usou o seu discurso de cinco minutos para propagar desinformações já checadas pelo UOL Confere.

Veja:

Esse inquérito comprovava, através de um documento do técnico do TSE, do senhor Giuseppe Janino, que um hacker invadiu o sistema do TSE pelo menos de março a novembro de 2018. Eduardo Bolsonaro

Impreciso. A "invasão ao sistema", comentada vagamente por Eduardo Bolsonaro hoje (11), foi ao sistema interno do TSE, sem qualquer implicação na segurança das urnas eletrônicas, como já desmentido pelo Projeto Comprova (aqui). O equipamento conta com dispositivos adicionais de proteção e desde a sua instauração no sistema eleitoral brasileiro, em 1996, não houve nenhuma comprovação de fraude ou adulteração de resultado do pleito.

Citado, Janino, que também é chamado de "pai da urna", reforçou, durante entrevista ao UOL em 2022 (aqui), que "o sistema [das urnas eletrônicas] está efetivamente maduro, seguro e evoluindo com o tempo. Na entrevista, o ex-TI do TSE também rebateu outras acusações sobre o suposto mau-funcionamento do equipamento -dentre elas a desinformação de que o Exército teria encontrado falhas na urna.

O UOL Confere destacou as principais checagens sobre urnas eletrônicas aqui.

Agora, começa a surgir ainda, de maneira mais tranquila -porque não é o presidente Bolsonaro no poder-, que a vacina dá efeito colateral, epidemia do Guillain Barré. Deputados aqui, como Helio Negão, que tiveram coágulos, que se param no coração ou para no cérebro pode ser fatal. Eduardo Bolsonaro

Distorcido. Eduardo Bolsonaro listou, durante sua fala na CPMI, efeitos colaterais raros da vacina para dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava certo em sua condução e políticas anti-vax durante a pandemia de coronavírus no Brasil.

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Pelo menos desde abril de 2021, o Ministério da Saúde orienta sobre a identificação, investigação e manejo da TTS (Síndrome de Trombose e Trombocitopenia) no contexto da vacinação contra a covid-19 no Brasil.

Em 22 de abril de 2021, a pasta emitiu a Nota Técnica nº 441/2021 (aqui) sobre o assunto. As recomendações foram atualizadas em 4 de agosto de 2021 com a publicação da Nota Técnica nº 933 (aqui).

Mais recentemente, em 31 de dezembro de 2022 (aqui), considerando os raros eventos em países da Europa e na Austrália e nos Estados Unidos da TTS após a vacinação, o Ministério da Saúde atualizou as recomendações de uso da Astrazeneca e Janssen.

Ainda sobre os monitoramentos feitos pelo Ministério da Saúde, cabe destacar que em fevereiro de 2021, a Anvisa, órgão responsável por monitorar os eventos relacionados ao uso das vacinas e medicamentos, publicou o painel de Farmacovigilância (aqui) sobre eventos adversos.

Os Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) são monitorados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). O sistema de informação utilizado pelo PNI para o monitoramento de eventos pós-vacinação é o e-SUS notifica (aqui).

A síndrome de Guillain-Barré pós-vacinação também foi comentada em 2021 pela Anvisa. A Agência já havia alertado sobre o caso raro da doença após a imunização (aqui). Na nota, que foi atualizada em novembro de 2022, ela manteve a recomendação pela continuidade da vacinação, "uma vez que os benefícios das vacinas superam os riscos", disse.

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A última atualização da Anvisa sobre o assunto foi de que tinham sido recebidas 27 notificações de casos suspeitos de SGB após a imunização com a vacina da AstraZeneca, além de três casos com a vacina da Janssen e outros quatro com a CoronaVac, totalizando 34 registros.

O efeito já era conhecido e também relacionado a outras vacinas, como a da influenza (gripe).

As vacinas são sim seguras. Reportagem do UOL, sobre a investigação dos casos notificados de eventos adversos relacionados às vacinas contra covid-19, noticiou que as 510 milhões de doses aplicadas até março foram responsáveis por apenas 50 óbitos. Ou seja, uma morte a cada 10 milhões de doses — número considerado extremamente baixo e que confirma a segurança dos imunizantes (aqui).

UOL Confere

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