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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Vacina contra covid matou um adulto a cada 10 milhões de doses, diz Saúde

Todas as mortes por conta da vacina foram de adultos, e não há registro de mortes entre crianças e adolescentes - Arthur Stabile/UOL
Todas as mortes por conta da vacina foram de adultos, e não há registro de mortes entre crianças e adolescentes Imagem: Arthur Stabile/UOL

Colunista do UOL

27/06/2023 04h00

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Na investigação dos casos notificados de eventos adversos relacionados às vacinas contra covid-19, o Ministério da Saúde concluiu que as 510 milhões de doses aplicadas até março foram responsáveis por apenas 50 óbitos. Ou seja, uma morte a cada 10 milhões de doses — número considerado extremamente baixo e que confirma a segurança dos imunizantes.

Para efeito de comparação, a doença no país causou 37,5 milhões de casos e 703 mil mortes — o que equivale a 190 mil mortes a cada 10 milhões de casos.

O que diz o documento

A investigação analisou as 4.458 notificações de pessoas que tiveram evento adverso com "desfecho óbito".

Desses, apenas 50 (ou 1,12%) tiveram relação causal "consistente com a vacinação", ou seja, 0,013 caso a cada 100 mil doses aplicadas.

Os demais óbitos foram classificados como reações coincidentes ou sem informações para ligar à vacinação.

Todas as mortes por conta da vacina foram de adultos, e não há registro de mortes entre crianças e adolescentes.

O número é muito baixo diante do contingente populacional imunizado e atesta a segurança dos quatro tipos de imunizantes usados no país, afirmam especialistas.

Os dados apresentados "denotam o excelente perfil de benefício versus risco da vacinação contra a covid-19", avalia a pasta do governo Lula.

Como qualquer outro medicamento, não se pode descartar totalmente o risco de ocorrência de evento grave. É importante destacar, no entanto, que estes eventos são muito raros, ocorrendo em média um caso a cada 100 mil doses aplicadas, apresentando um risco significativamente inferior ao risco de complicações pela própria covid-19."
Boletim do Ministério da Saúde

A maioria dos óbitos (56% do total) ocorreu após pacientes tomarem a vacina AstraZeneca, segundo o boletim. Veja por imunizante:

  • 28 tomaram AstraZeneca;
  • 17 tomaram Coronavac;
  • 4 tomaram Janssen;
  • 1 tomou Pfizer.
Frascos rotulados como de vacina da AstraZeneca contra Covid-19 em frente ao logo da empresa - Dado Ruvic/Reuters - Dado Ruvic/Reuters
Vacina da AstraZeneca contra covid-19
Imagem: Dado Ruvic/Reuters

As análises foram feitas pelo ministério e pelo Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e outros Imunobiológicos. Os dados constam em um boletim epidemiológico do Ministério da Saúde publicado no último dia 19.

O boletim cita que, como a vacinação contra a covid-19 ocorreu durante elevada incidência de casos, as pessoas podem ter se imunizado quando estavam doentes e então ligaram os sintomas da doença à vacina.

Ao vacinar um número tão grande de indivíduos, é esperada a notificação de um elevado número de ESAVI [Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização], incluindo eventos graves".
Boletim do Ministério da Saúde

As mortes que foram evitadas

A vacinação é a melhor forma de prevenir a covid. No boletim, o ministério cita dados do Imperial College London, que estimou que a vacinação evitou no Brasil entre 700 mil e 880 mil mortes até o final de 2021.

Ou seja, para cada óbito consistente com a vacinação, entre 43.750 a 55.000 outros óbitos foram evitados pela vacinação."
Boletim do Ministério da Saúde

A projeção é vista como conservadora, já que não considera a estimativa de óbitos evitados no pico epidêmico ocorrido em 2022, quando o país teve recorde de casos por conta da variante Ômicron, mas um número de mortes menor que nos anos anteriores.

Além dos óbitos, as vacinas se mostram eficazes em reduzir internações e complicações da covid.

Ômicron, a variante prevalente nos casos de covid-19 no Brasil - Getty Images - Getty Images
Ômicron, a variante prevalente nos casos de covid-19 no Brasil
Imagem: Getty Images

O que diz Sociedade Brasileira de Pediatria?

O boletim só ratifica a segurança das vacinas, em especial em crianças. Já sabíamos desse resultado antes pelos testes de eficácia e segurança usados como base para aprovação das vacinas. Eles agora se confirmam em mundo real da imunização."
Melissa Palmieri, membro do departamento científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria

Para a pediatra, o resultado deveria servir como incentivo aos pais e responsáveis por crianças, visto as baixas taxas de vacinação nesse público.

O impacto da doença ainda é importante na faixa etária. Diferente de faixas mais elevadas, que já se expuseram ao vírus, a grande repercussão está principalmente nas crianças abaixo de dois anos, que nunca se expuseram. Nós temos uma taxa de mortalidade desse público no Brasil bem acima de outros países."
Melissa Palmieri