Golpe: Caixa Econômica não está indenizando quem teve dados vazados

Publicações no Facebook divulgam uma falsa indenização da Caixa Econômica Federal usando um vídeo manipulado com o jornalista William Waack, prometendo valores até R$ 5.000 para quem tiver sido afetado por um suposto vazamento de dados.

No entanto, a indenização não existe. Trata-se de um golpe para obter dinheiro das vítimas após pagarem um suposto imposto para receber o montante esperado.

O que diz o post

A postagem traz um vídeo com o título sobreposto "Quase todo brasileiro ignora isto". Mais abaixo, o apresentador de telejornal William Waack supostamente lê uma notícia na CNN Brasil, como sugere o segundo título sobreposto: "Justiça determina que Caixa indenize milhões de brasileiros devido a vazamento de dados".

Waack, via áudio falso, diz: "Após um vazamento de dados da Caixa Econômica, a justiça determinou com que uma indenização seja paga aos brasileiros que sofreram com isso. Milhões de brasileiros que possuem conta na Caixa serão indenizados e o valor pode chegar até R$ 5.000. Os pagamentos se iniciaram na semana passada e o prazo se inspira nessa semana. Verifique agora mesmo se você possui o valor da indenização disponível para saque. Toque em 'Saiba mais' antes que o prazo se esgote.".

O vídeo é ilustrado com tomadas de sessões no STF (Supremo Tribunal Federal) e de clientes da Caixa sacando dinheiro nos caixas eletrônicos. Em anexo, um link falso dizendo "CAIXA COM.BR. Faça sua consulta em 3 minutos, online e gratuito. Saiba mais"

Por que é falso

Voz de Waack foi recriada por golpistas. É possível perceber que os lábios do âncora não sincronizam com o que o suposto áudio dele está dizendo. Já a voz estimulando para o golpe pode ter sido recriada por inteligência artificial; esse tipo de truque usado em golpes financeiros tem sido corriqueiro no Brasil (aqui) e o UOL Confere recentemente mostrou casos de clonagem das vozes de Pablo Marçal (aqui) e Ratinho (aqui).

Fake news se baseia em história real. Em setembro de 2023, a Justiça Federal fixou em R$ 15 mil o valor a ser pago a cada um dos beneficiários do extinto Auxílio Brasil afetados por um vazamento de dados (aqui). Na ocasião, cerca de 4 milhões de pessoas teriam sido atingidas em mais de 4.000 municípios. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), dados pessoais foram divulgados ilegalmente a correspondentes bancários, que usaram as informações para oferecer empréstimos e outros produtos financeiros. Mas a decisão da Justiça não era definitiva, pois ainda cabia recurso.

Como funciona o golpe

Link direciona para site golpista. Ao clicar no link indicado nas postagens com o vídeo falso de William Waack, a pessoa é levada para uma página falsa; o domínio encontrado pela reportagem foi "acesso44.click". Ela simula o site da CNN Brasil com uma suposta reportagem com o título "Ministério Público Federal multa Caixa em R$ 200 milhões e obriga indenização imediata de 2 mil até 30 mil reais para cada usuário com dados vazados". Antes do texto da "reportagem" começar, há um botão/link chamado "Acessar no site oficial".

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Consulta da Caixa também é falso. Ao clicar neste segundo link, nova página falsa traz três supostos passos para obter a indenização: "1, Digite seu CPF para verificar se está aprovado(a) receber para indenização de até R$ 30.000,00. 2, Verificaremos se seus dados foram prejudicados no vazamento de informações da Caixa, e com isso, se você tem direito à indenização. 3. Sua consulta será realizada por um atendente, com um tempo de espera entre 2 e 5 minutos. Comece o seu atendimento abaixo para consultar o valor da sua indenização utilizando o seu CPF".

Golpe traz até "assistente virtual". Mais abaixo, há uma "assistente virtual" que pede para a vítima digitar seu número de CPF. Ela faz uma suposta checagem com algum banco de dados vazados de CPFs e diz "Para continuar, confirme se esses são seus dados", trazendo nome, data de nascimento, nome da mãe e sexo. A atendente afirma que os dados foram vazados, usando até mesmo um "áudio" para informar isso, sugere a indenização disponível — no caso simulado pela reportagem, foi de R$ 17.240,90. Quando é solicitado o pagamento da indenização, é simulado um envio via Pix, mas diz que falta pagar um "imposto transacional, que é uma pequena porcentagem do valor total da sua indenização".

Vítima nunca recebe o valor prometido indenização. No nosso caso testado, foi cobrado R$ 71,27 e a página direciona para outra que pede dados cadastrais e de pagamento. A vítima que realizar tal pagamento terá sido enganada, pois fornecerá dinheiro aos golpistas e não receberá valor algum em troca.

Caí em um golpe. E agora?

Registre o boletim de ocorrência imediatamente. No estado de São Paulo, o registro pode ser feito de forma virtual pelo site da Delegacia Eletrônica (aqui).

Faça uma reclamação contra a empresa no Procon. A orientação é da Secretaria Nacional do Consumidor. Veja quais são os canais e contatos para fazer a denúncia em cada estado do país aqui.

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Avise o banco e a operadora do cartão. Entre em contato com o seu banco ou operadora do cartão de crédito para denunciar a fraude e tentar o estorno do valor.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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