Manifestantes prometem para esta 2ª mais um protesto contra o aumento da tarifa em SP

Do UOL, em São Paulo

Integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) prometem para esta segunda-feira (17) em São Paulo mais um protesto contra o reajuste da tarifa do transporte público. A concentração está marcada para às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital. 

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O valor das passagens de ônibus, trem e metrô subiu de R$ 3 para R$ 3,20 neste mês. Será a quinta manifestação realizada em dez dias. O protesto da última quinta-feira (13) foi o mais violento.

 

De acordo com a polícia, 241 pessoas foram detidas. Com os manifestantes, a polícia apreendeu facas, estiletes, tesouras, martelos, coquetéis-molotov, aerosol, garrafas de álcool, tinta e sprays e uma pequena quantidade de maconha. Celulares, câmeras fotográficas e uma garrafa de vinagre também foram apreendidos.

Cenas do protesto em SP

Elio Gaspari: Quem acompanhou a manifestação ao longo dos 2 km que vão do Theatro Municipal à esquina da rua da Consolação com a Maria Antônia pode assegurar: os distúrbios começaram pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns 20 homens da Tropa de Choque, que, a olho nu, chegou com esse propósito Leia mais
Existe terror em SP: "Ouvi um homem gritar 'orgulho, meu' à massa. Massa que, aliás, contou não apenas jovens, mas idosos, famílias, gente recém-saída do trabalho. A transformação da 'micareta' veio na subida da Consolação, onde a passeata foi recebida por bombas de gás e tiros. Na correria rumo à praça Roosevelt, era explícito o temor de que a PM, que já começava a cercar o local, a invadisse com as armas". Leia mais

Parece a ditadura, diz mulher atingida pela PM

 

Cerca de 40 pessoas foram presas antes mesmo de o protesto começar. Manifestantes e jornalistas que carregavam vinagre --como o repórter Piero Locatelli, da "Carta Capital"--para reduzir os efeitos de bombas de gás lacrimogêneo-- foram detidos, sob a alegação da PM de que o produto pode ser usado para fabricar bombas caseiras.

 

Segundo o Movimento Passe Livre, pelo menos cem ficaram feridos. Entre os feridos, sete são jornalistas da Folha de S.Paulo. A repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, foi atingida no olho por uma bala de borracha disparada por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Outro repórter da Folha, Fábio Braga, também foi atingido no rosto por disparos de bala de borracha no centro da cidade.

 

O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, foi atingido por uma bala de borracha no olho e corre o risco de perder a visão. Ele está internado no hospital Nove de Julho.

 

O balanço oficial da Polícia Militar sobre o protesto, divulgado na sexta-feira (14), revelou que 12 PMs ficaram feridos na ação.
 
Na manifestação de quinta-feira, a PM mobilizou grande aparato, com tanques blindados, helicópteros e até a cavalaria. Além da Tropa de Choque, policiais da Rota e da Força Tática atuaram na repressão, totalizando efetivo de 900 homens.
 

Segundo relato da repórter do UOL, Janaina Garcia, a polícia atirou indiscriminadamente contra manifestantes, transeuntes e jornalista a trabalho. "Não havia saída pela via nem pelas transversais, todas cercadas pelo Choque". Veja o relato.

 

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que está "sempre aberto ao diálogo, mas não é possível permitir atos de vandalismo". Alckmin se negou a dizer que houve excessos da PM.

 

O prefeito Fernando Haddad (PT), disse que "não ficou bem" para a PM a repressão aplicada durante o protesto. Ele destacou que o reajuste de R$ 0,20 na tarifa de ônibus foi o menor reajuste dos últimos tempos, e se disse disposto a "explorar alternativas" para o reajuste.

 

Começo pacífico, final violento

O protesto começou por volta de 18h da quinta-feira na praça Ramos de Azevedo, no centro, onde os manifestantes se concentravam desde às 17h. De lá, o grupo, de aproximadamente 5.000 pessoas – segundo a PM –, seguiu até a praça da República. Depois, caminharam pela avenida Ipiranga e chegaram à rua da Consolação, na altura da praça Roosevelt. Até então, não havia registro de ocorrências graves.

 

Nas imediações da Roosevelt, os manifestantes foram impedidos pela polícia de seguir pela Consolação até a avenida Paulista. Iniciou-se uma negociação entre o comando da PM e lideranças do movimento. Em um dado momento, por volta de 19h10, começou o confronto.

 

 
 

Pouco depois, o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, disse que o protesto, que até então transcorria pacificamente, tinha "fugido do controle"."Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer", declarou.

 

A PM usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os ativistas, que responderam atirando objetos. A partir de então, o protesto se dispersou. Grupos menores prosseguiram por ruas dos bairros de Cerqueira César e Consolação na tentativa de chegar até a Paulista.

 

Atrás deles, a PM, com grande efetivo, disparou quantidade de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Transeuntes que não estavam participando do protesto foram atingidos, como uma idosa de 67 anos, baleada no rosto logo após sair de uma igreja.

 

A avenida Paulista foi esvaziada e bloqueada pela PM com tanques blindados. Muitos manifestantes ainda tentavam chegar à avenida, mas eram impedidos pelos policiais. Por volta das 21h45, a Paulista foi liberada para os carros.

 

Perto das 22h, um grupo de curiosos e remanescentes da manifestação foi retirado à base de golpes de cassetete pela PM do vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Cerca de 22h40, um grupo de pelo menos 40 pessoas saiu em uma minipasseata pela calçada, a uma quadra do museu, pedindo o "fim da violência". Eles foram recebidos com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

 

Após tomar ciência da agressão a jornalistas, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, pediu à Corregedoria da PM que abra investigação sobre a ação.

Protestos contra o aumento da tarifa do transporte coletivo
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