Imprensa internacional destaca morte do "poeta da curva"
A morte do "poeta da curva", como o jornal espanhol "El País" se referiu ao arquiteto Oscar Niemeyer, foi notícia em diversos jornais e portais de notícias internacionais nesta quarta-feira (5).
De acordo com o "El País", Niemeyer foi "o último sobrevivente dos grandes mestres da arquitetura do século 20, o poeta da curva, o pensador multifacetado que encantou o mundo com a sinuosidade e a beleza estética de sua obra".
O portal americano "The Huffington Post" atribuiu a ele a construção de Brasília, "ao projetar a maioria dos edifícios mais importantes da capital federal". Ainda segundo o jornal , Niemeyer "recriou em concreto armado as curvas sensuais do Brasil".
Repercussão
O "The Wall Street Journal" lembrou que o arquiteto projetou o prédio da sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York (EUA). De acordo com o jornal, "Niemeyer se tornou um dos mais importantes arquitetos do século 20, acrescentando ao modernismo a sensibilidade tropical do Brasil".
De acordo com o jornal americano "The New York Times", Oscar Niemeyer injetou uma nova sensualidade no modernismo e arrebatou a imaginação de gerações de arquitetos por todo o mundo. "Suas formas curvas, líricas e hedonistas ajudaram a moldar uma arquitetura nacional distinta e uma identidade moderna para o Brasil que rompeu com seu passado colonial e barroco", escreveu o jornalista Nicolai Ouroussoff.
Os jornais chilenos "La Tercera" e "El Mercurio" lembram projeto de Niemeyer que causou polêmica no Chile e jamais saiu do papel. Amigo do ex-presidente Salvador Allende e do poeta Pablo Neruda, o arquiteto deu de presente o desenho de um moderno centro cultural, que seria construído no lugar de um antigo presídio, no Porto de Valparaiso. Mas os moradores da cidade rejeitaram a proposta: era futurista demais para o lugar. Preferiram preservar o patrimônio histórico do edifício, construído em 1890, e Niemeyer recusava-se a modificar seus esboços originais. Os dois jornais destacam o legado do arquiteto de Brasilia.
De acordo com o argentino "Clarín", Niemeyer foi uma das referências mais emblemáticas da arquitetura moderna latino-americana do século passado e "um homem que sempre se deixou levar por suas ideias e suas convicções".
O diário argentino La Nación também destacou a morte e afirmou que "o Brasil e o mundo da arquitetura estão de luto". O jornal observa que Niemeyer é "considerado, junto a Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe, Le Corbusier e Alvar Aalto, uma das figuras mais influentes da arquitetura moderna e internacional".
No Paraguai, o jornal "ABC" Color também deu a notícia em primeira página, lembrando que o arquiteto, de 104 anos, ?trabalhou até o último momento?.
Leia mais
- "Está faltando chão", diz neta
- Ele queria pastel e café antes de morrer
- Niemeyer foi autor de frases célebres
- Enfermeiro de hospital diz que compôs um samba com Niemeyer
- Síndico do Copan diz que Niemeyer fez as pazes com o projeto
- Colegas que trabalharam com Niemeyer em Brasília lamentam morte do arquiteto
- Obras em SP mostram possibilidade de espaço urbano mais democrático
- Niemeyer injetou nova sensualidade no modernismo, analisa NYT
- Especialistas veem 'esgotamento' criativo em obras do arquiteto modernista
- Niemeyer fez do modernismo identidade brasileira, diz crítico americano
A revista alemã "Der Spiegel" se refere a Niemeyer como a estrela da arquitetura brasileira, "autor de elegantes estruturas de concreto que parecem desafiar a gravidade".
"Morre o arquiteto estrela Oscar Niemeyer", afirma o diário alemão "Frankfurter Allgemeine" em sua edição online nesta quinta-feira. Outro jornal alemão, "Süddeutsche Zeitung", anuncia em sua primeira página: "O último gigante da arquitetura moderna".
"O arquiteto Oscar Niemeyer parecia capaz de desafiar a gravidade. Ele apoiava enormes blocos de apartamentos em pilares que pareciam tão finos e graciosos quanto as pernas de uma mulher. Os caminhos curvilíneos seguem pelo piso como a conectar uma nuvem a outra. Os corrimãos são desnecessários", diz a publicação alemã.
O jornal britânico "The Guardian" lembrou que, embora muitos críticos tenham classificado como inferiores os trabalhos mais recentes de Niemeyer, "não restam dúvidas que sua reputação como um dos grandes arquitetos do século 20 vai resistir".
Outro diário britânico, o "The Times", observa que Niemeyer "continuou trabalhando de sua cobertura em Copacabana até poucos dias antes de sua morte" e era considerado um "ícone nacional ao lado do pioneiro da Bossa Nova Tom Jobim e da lenda do futebol Pelé".
O francês Le Monde destaca a obra prolífica do arquiteto. "Nascido no dia 15 dezembro de 1907 no Rio, em uma família de classe média de origens alemã, portuguesa e árabe, Oscar Niemeyer participou da criação de mais de 600 obras em uma carreira de 70 anos. Vinte delas ainda estão em execução em vários países", diz o jornal.
Em Portugal, o site do jornal "Público", de Lisboa, informa que morreu ?o último grande arquiteto do século 20?. Já o site do "Diário de Notícias" lembra que Niemeyer era ?o mais importante arquiteto brasileiro? e ?também um dos nomes mais influentes da arquitetura moderna em nível mundial?.
A agência de notícias "Lusa" também faz reverência e diz que ?o arquiteto brasileiro deixou mais de 600 obras em todo o mundo, sendo considerado um ícone da arquitetura moderna?.
A Xinhua, agência estatal de notícias da China, publicou uma reportagem longa copilando várias informações sobre o arquiteto. Também ressaltou a nota de pesar da presidente Dilma Rousseff. A emissora Al Jazeera, uma das principais do mundo árabe, definiu Niemeyer como o ?arquiteto futurista? e lembrou seu legado com mais de 400 obras espalhadas pelo mundo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.