"Já perdi uma filha e posso entender um pouco a dor das famílias", afirma reitor da UFSM
Além do amparo burocrático às famílias que perderam parentes que estudavam na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), o reitor da instituição, Felipe Martins Müller, também precisou ser forte para, pessoalmente, confortar várias mães e pais de vítimas do incêndio na boate Kiss. Para isso, buscou argumentos em uma tragédia pessoal.
"Já perdi uma filha. Conheço o sentimento que esses pais estão sofrendo. É uma inversão da ordem natural das coisas", contou. A filha do professor morreu com poucos dias de vida.
Assim que ficou sabendo da tragédia, Müller foi até o Centro Desportivo Municipal, onde mais de 20 vítimas foram veladas. Após o "sentimento de incredulidade" inicial, o reitor passou a "ouvir e abraçar" as famílias que velavam seus parentes ali.
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Apesar da aparente força que mostrava, o reitor revelou que, muitas vezes, não aguentou a emoção e esteve perto de desabar diante de tanta tristeza.
"Ninguém é rocha ou super-herói. No domingo, tive de fugir para a salinha do comitê de crise para chorar por uns 15 minutos", contou.
Dias após a tragédia, Müller ainda tem dificuldades para dormir. "Acordo aos sobressaltos. Lembro daquelas imagens de crianças dormindo, esperando reconhecimento", disse.
Mesmo no cargo de reitor da UFSM, Müller ainda leciona e tem algum tipo de contato com os alunos.
"Convivo com os estudantes, esse é meu papel como educador. Não conhecia a maioria dos alunos que morreram, mas conhecia alguns rostos e algumas famílias. Fomos tecendo uma rede de contatos que nos ajuda a ter forças", falou.
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