Topo

Juíza nega pedido para processar testemunha de acusação no júri de Bola

Carlos Eduardo Cherem e Rayder Bragon

Do UOL, em Contagem (MG)

23/04/2013 12h40Atualizada em 23/04/2013 17h09

Ércio Quaresma, advogado de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, teve negado seu pedido para processar o presidiário Jailson Alves de Oliveira, testemunha de acusação que confirmou as acusações contra Bola de assassinato da ex-modelo Eliza Samudio --ex-amante do goleiro Bruno, já condenado a 22 anos de prisão pelo sequestro e morte dela.

"Vou processar o senhor por falso testemunho", afirmou Quaresma, após tentar ler em plenário uma carta em que o presidiário escreveu ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), em 24 de dezembro de 2012, se dizendo "inocente". O pedido foi negado pela juíza Marixa Rodrigues, no segundo dia do júri popular de Bola, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.

“Tendo o ponto apontado como falso, de que ele [Jailson Oliveira] seria culpado de alguns crimes, e o mesmo não tendo relação com o seu depoimento, e como as pessoas têm o direito ao silêncio e a não produzir provas contra si, indefiro o pedido dos advogados de defesa [de processar a testemunha]”, disse a juíza ao indeferir o pedido do advogado de Bola.

Durante o testemunho de Oliveira, a juíza desaprovou o comportamento agressivo de Quaresma. "Estou pedindo ao senhor maior urbanidade. Não humilhe a testemunha. Não aceito adjetivações aqui", disse a juíza. "O senhor pare, por favor. Respeite-o, ele está aqui como testemunha."

Jailson Oliveira foi condenado por latrocínio (roubo seguido de morte), entre outros crimes, a 35 anos e sete meses de prisão. Conheceu Bola na Penitenciária Nelson Hungria, também em Contagem, onde ainda estão presos o ex-goleiro Bruno Fernandes e Luiz Henrique Romão, o Macarrão, já condenados no crime pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio.

 

Os advogados de defesa de Bola disseram que vão manter a estratégia da "delonga" e estender ao máximo o júri. A estratégia foi definida pelo promotor Henry Vasconcelos como um "tiro no pé", já que, com isso, a defesa estaria antecipando argumentos que deveriam ser colocados durante os debates entre acusação e defesa.

"Vamos demorar mais de seis horas nas perguntas ao Jailson. Se a prova não for discutida nesse momento de instrução, não haverá outro momento", afirmou o advogado assistente de defesa. "O almoço será após as 16 horas", disse. Depois de Quaresma, vão fazer perguntas ao depoente o próprio Fernando Magalhães, Américo Leal, Alexandre Maziero, Marco Mezía e Lucas Sá.