Topo

Bope prende suspeito de assassinar PM em favela no Rio; confronto deixa 9 mortos

Movimentação de policiais do Batalhão de Choque e do Bope na entrada da comunidade Nova Holanda, no complexo de favelas da Maré - Fábio Teixeira/Parceiro/Agência O Globo
Movimentação de policiais do Batalhão de Choque e do Bope na entrada da comunidade Nova Holanda, no complexo de favelas da Maré Imagem: Fábio Teixeira/Parceiro/Agência O Globo

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

25/06/2013 13h02Atualizada em 25/06/2013 17h11

Pelo menos nove pessoas morreram e nove foram presas no confronto entre policiais e criminosos após uma manifestação em Bonsucesso, na zona norte do Rio, que terminou com um arrastão na região do complexo de favelas da Maré na noite de segunda-feira (24). Entre elas, Edson Ezequiel Bezerril, 28, suspeito de matar um sargento do Bope, e Rodrigo da Silva, 28, por tráfico de drogas e assalto a mão armada.

Um morador da favela morreu na madrugada desta terça-feira (25). Eraldo Santos da Silva, 41, foi atingido por um tiro de fuzil no rosto e morreu no Hospital Federal de Bonsucesso. Ainda na noite de segunda, o sargento do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, 42, foi morto durante a troca de tiros. De acordo com informações do Bope, outros cinco suspeitos foram mortos nesta terça. O Hospital Federal de Bonsucesso confirmou ainda a morte de José Everton Silva de Oliveira, 21, que foi baleado no antebraço.

Cerca de 300 policiais do Bope, com apoio do 22º Batalhão de Polícia Militar (Maré) e de policiais civis, fazem desde a manhã uma operação para prender suspeitos de matar o policial. Os confrontos e a ocupação policial obrigaram comerciantes e escolas locais a fecharem as portas.

Outros feridos deram entrada na unidade de saúde. Eles foram identificados como Robson Maceio, 40, atingido no abdome; Djalma Pereira da Silva, 53, atingido no braço esquerdo e já liberado; Cláudio Duarte Rodrigues, 41, atingido nas nádegas; Wagner de Lima, 35, e Alessandro de Oliveira, 40, atingido no ombro esquerdo. Segundo a Polícia Civil, todos moram no complexo e não tem antecedentes criminais. Nenhum deles corre risco de morrer, segundo o hospital. Um PM chegou a ser atendido após levar uma pedrada no queixo, mas foi liberado em seguida.

Após o arrastão, policiais do Bope e da Força Nacional de Segurança foram para a região. O sargento que morreu na operação tinha 17 anos de serviço, sendo 13 deles no Bope, e deixa mulher e dois filhos. O enterro será realizado nesta terça, no Cemitério Jardim da Saudade, em Jardim Sulacap, na zona oeste da cidade.

Segundo balanço parcial divulgado pela Polícia Militar, foram apreendidos ainda dois fuzis, uma submetralhadora, três pistolas, uma granada e mais de 2.000 trouxinhas de maconha.

Dentre as armas apreendidas está um fuzil Dellaware, de fabricação norte-americana. "Isso pode indicar uma nova rota do tráfico internacional de drogas, já que essa arma não é de uso de nenhuma polícia ou forçaa armada do Brasil", disse o major Ivan Blaz, do Bope.

Os policiais militares atuavam na favela utilizando escudos, temendo manifestações violentas de moradores da comunidade em reação à operação. Por volta das 13h30, cerca de 50 moradores começaram uma manifestação em um dos acessos à favela Nova Holanda pela avenida Brasil. Com cartazes, eles pediam que a PM encerre a operação. Pedras chegaram a ser jogadas contra os policiais, que não revidaram a agressão.

As ocorrências estão sendo registradas na 21ª DP (Bonsucesso) e na 37ª DP (Ilha do Governador).

Arrastão

Os criminosos aproveitaram o fim de uma manifestação que reuniu cerca de 300 pessoas no bairro de Bonsucesso para praticar assaltos em bandos motoristas e pedestres. Mulheres tinham suas bolsas roubadas e eram usadas como escudo quando os suspeitos avistavam policiais. Os bandidos abraçavam as mulheres pelo pescoço, tentando simular intimidade para passar despercebidos pelos PMs.

Menores aproveitam protesto para fazer arrastão no Rio

Uma passarela em frente à Maré virou rota de fuga dos assaltantes, que na correria roubavam os pedestres pelos quais passavam. Quando o efetivo maior da PM chegou, por volta das 20h30, um grupo de cerca de 50 suspeitos correu para o interior da comunidade.

Com a chegada do Bope e da Força Nacional de Segurança, um intenso tiroteio entre traficantes e policiais teve início. Os tiros perduraram com maior intensidade até as 2h. Os moradores que chegavam do trabalho acabavam ficando na rua, sem poder entrar em casa. Somente às 2h30 a polícia autorizou a volta das pessoas às suas casas. (Com Estadão Conteúdo e EFE)