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Papa desembarca no Rio em meio a protestos e dúvidas sobre segurança

Guilherme Balza e Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

21/07/2013 06h00

Se a onda de manifestações de junho teve como epicentro São Paulo antes de se espalhar pelo país, hoje é no Rio de Janeiro que os protestos persistem com vitalidade, tendo como alvo o governador Sérgio Cabral. A vinda do papa Francisco, que desembarca no Rio na segunda-feira (22), coincide com o momento em que as forças de segurança do Estado --sobre as quais recaíram várias denúncias de abusos nos últimos protestos-- admite dificuldades em lidar com as manifestações.

PROTESTOS NA JMJ

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Após protesto que terminou em quebra-quebra no bairro do Leblon, na última quarta-feira (17), o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, e o comandante da Polícia Militar, coronel Erir da Costa Filho, expressaram dificuldades em agir diante de manifestações violentas.

O sumo pontífice abdicou da blindagem do papamóvel e rejeitou a presença de militares armados ao seu redor, a despeito dos esforços empreendidos pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Celso Amorim, para convencer representantes do Vaticano da necessidade de reforçar a segurança.

Alinhado com o discurso do Vaticano, o qual sustenta que os protestos não se dirigem ao pontífice, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, declarou que “a principal segurança do papa é o entusiasmo, é a tradição de paz e fraternidade do povo brasileiro.”

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) mapeou os riscos ao pontífice e indicou que a principal ameaça são, de fato, os protestos. O evento mais propenso ao distúrbio é cerimônia de boas-vindas a Francisco, no Palácio Guanabara, sede do governo, nas Laranjeiras (zona sul), com presença de Cabral e do prefeito Eduardo Paes.

A cerimônia estava marcada para ocorrer às 17h de segunda, mas foi postergada para a noite depois que o pontífice decidiu percorrer, em carro aberto, as ruas do centro da cidade, palco dos principais protestos realizados nas últimas semanas. A rua Pinheiro Machado, onde fica o Palácio Guanabara, será totalmente interditada durante o encontro do pontífice com o governador.

Especialista não vê risco

Ainda que os protestos sejam a principal preocupação das autoridades brasileiras, o coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Ignacio Cano, afirma que as manifestações populares não comprometem a segurança do papa, tampouco dos peregrinos que participarão da Jornada Mundial da Juventude.

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  • Arte/UOL

"Não há nenhum risco eminente para os participantes até porque as ações são contra os políticos e não contra os peregrinos", afirma ele, que explica que a visita do papa é usada pelos manifestantes apenas para que os protestos ganhem mais visibilidade. "Os peregrinos brasileiros ou estrangeiros não têm nada a temer. O risco é apenas político."

Ainda assim, Cano recomenda que os peregrinos evitem os locais onde são realizadas as manifestações, conselho também passado pela Embaixada dos Estados Unidos aos americanos que viajam ao Brasil.

Esquema de segurança

Apesar do desprendimento do papa, as autoridades brasileiras preparam um forte esquema de segurança, que inclui a presença de 14 mil policiais militares e mais de dez mil homens das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), além de centenas de policiais civis e federais.

Todos os deslocamentos do papa serão acompanhados por 400 PMs e dois helicópteros. Nos maiores eventos, como a montagem da Via Sacra em Copacabana, na quinta-feira, e a missa na Campus Fidei, em Guaratiba, na sexta, terão a presença de policiais munidos de armas não letais.

Manifestantes mascarados serão impedidos de circular nos eventos papais. Na cerimônia em Guaratiba, também não será permitido exibir cartazes de protestos. Por ora, o Exército afirma que só agirá nos protestos se a situação “fugir do controle”.

A visita do pontífice à Varginha, favela situada em Manguinhos, na zona norte, marcada para quinta-feira (25), poderá contar com atiradores de elite posicionados em lajes e barracos da comunidade.

Recomendações

A Jornada Mundial da Juventude espera receber no Rio de Janeiro cerca de 1,5 milhão de católicos, a maioria dos fiéis é do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos, segundo dados oficiais. A quarta posição é ocupada pelos chilenos, seguidos pelos italianos, venezuelanos, franceses, paraguaios, peruanos e mexicanos.  

O professor da Uerj aconselha aos peregrinos os mesmos cuidados dados aos turistas que visitam o Rio de Janeiro: não andar com muito dinheiro na rua; deixar objetos de valor no alojamento ou hotel; e evitar o pânico diante de tumultos, roubos ou assalto.

A organização da Jornada também sugere que os peregrinos não se esqueçam de "andar sempre" com um documento com foto e que tomem cuidado redobrado com máquinas fotográficas, filmadoras e telefone celular. Outra orientação é usar o cinto de viagem para que o dinheiro seja carreado dentro da calça, além de cadeados e tiras coloridas para identificação das malas. A organização também recomenda que os peregrinos tenham a mão os telefones de emergências, do responsável pelo grupo e do consulado do seu país.

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Dicas similares também são passadas pelo Consulado da Argentina no Rio de Janeiro, que acrescenta a necessidade de os turistas optarem sempre por "transportes regulares", principalmente após as ocorrências de estupros e roubos em vans não legalizadas. O órgão sugere ainda que os passeios sejam feitos em grupos e que se evite lugares escuros e isolados.

A Embaixada da Espanha no Brasil alerta para os assaltos à mão armada, que forçam as vítimas a retirar dinheiro de caixas eletrônicosm como sendo a violência mais comum no Rio. "Em caso de agressão, nada de resistência, já que os criminosos podem estar armados ou sob o efeito de drogas", recomenda a notificação.

A Espanha também alerta sobre o aumento da clonagem dos cartões bancários e aconselha o turista a utilizar preferencialmente os caixas eletrônicos dentro de bancos protegidos.

O parque da Tijuca, os arredores da rodoviária, a praia de Copacabana, os bairros de Santa Tereza, Lapa e Cinelândia, além de áreas afastadas e favelas, são citados como zonas de risco pela Embaixada da Espanha.

O guia turístico Lonely Planet aconselha aos turistas que visitarem o Brasil não usaremm mochilas e terem sempre em mãos dinheiro trocado. Ainda assim, o guia turístico alerta ser necessário sempre ter uma quantia em dinheiro (R$ 20 a R$ 40) para acalmar um ladrão. Outra recomendação está relacionada à recusa da oferta de bebidas e cigarros, doces ou comidas.