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Um dia após onda de ataques, delegacia é alvo de tiros em São Luís

Do UOL, em Maceió

05/01/2014 12h34

Apenas um dia após uma série de atentados em São Luís, mais uma delegacia da capital maranhense voltou a ser alvo de tiros, na noite desse sábado (4).

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Maranhão, a delegacia atingida, dessa vez, foi a do bairro da Liberdade. Os tiros foram dados por integrantes de um veículo Celta. Ainda não há suspeitos dos disparos. Não houve feridos.

Segundo imagens feitas por um blog local, os tiros atingiram a porta da delegacia e um carro policial.

Outro casos

Na noite de sexta-feira (3), o 9º Distrito Policial, no bairro do São Francisco, também foi alvo de disparos. Além da delegacia, naquela noite quatro ônibus foram atacados e incendiados e pelo menos cinco pessoas ficaram feridas com gravidade. Oito pessoas já foram presas, segundo a SSP.

Policiamento é reforçado no Maranhão após onda de ataques

O comando dos ataques partiu de prisioneiros do Complexo de Pedrinhas, segundo a SSP. O local registrou 60 mortes em 2013 e relatórios do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) apontaram a ocorrência de estupros em mulheres de presos que não são chefes de setor ou líderes.

Por determinação do governo do Estado, a PM assumiu o complexo em 27 de dezembro. Apesar da ação, ele já registrou duas mortes, ocorridas em menos de 24 horas, neste ano.
Por conta dos incidentes e clima de medo, os empresários resolveram tirar os ônibus de circulação à noite.

Prisões

Na noite deste sábado, o suspeito de coordenar os ataques aos ônibus foi preso pela polícia no bairro Monte Castelo. Até agora, já são oito pessoas detidas acusadas de participação nos ataques aos quatro coletivos. Os acusados vão ser apresentados neste domingo pela polícia.

Segundo a polícia, Hilton John Alves Araújo, 27, vulgo "Praguinha", recebeu as ordens de Jorge Henrique Amorim Martins, 21, o "Dragão", que lidera uma das facções que agem no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, para incendiar ônibus na capital maranhense.

O secretário-adjunto de Segurança Pública do Maranhão, Laércio Costa, afirmou que a Polícia Militar reforçou, com homens ainda em treinamento, a segurança nos pontos finais de ônibus de São Luís, após os ataque.

"Nós estamos empregando os 700 homens da PM que estão no estágio operacional no efetivo, principalmente nos pontos finais de ônibus, onde estamos identificando essa ação", disse.

Locais de ataques a ônibus e a delegacia em São Luís (MA) em 3.jan.2014

  • Arte/UOL

Violência em Pedrinhas

O relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), divulgado no último dia 27 de dezembro, apontou que o domínio de facções criminosas que agem dentro dos presídios maranhenses deixam as unidades prisionais "extremamente violentas".

A maior parte das mortes tem relação com brigas entre as facções criminosas Bonde dos 40 --nome em alusão à pistola ponto 40-- e PCM (Primeiro Comando do Maranhão), facção ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Em um período de apenas 17 dias, dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas ocorreram três rebeliões e 18 presos foram mortos nesses motins.

O domínio desses grupos criminosos dentro dos presídios do Maranhão impediram que fossem concluídas as inspeções do CNJ, realizadas em dezembro para traçar a verdadeira situação do Complexo de Pedrinhas.

Ainda segundo o CNJ, a disputa dos grupos pelo domínio dos presídios de Pedrinhas já causou diversos assassinatos e estupros em mulheres de presos que não são chefes de setor ou líderes, e acaba comprometendo a segurança do local.

"Em dias de visita íntima no Presídio São Luís I e II e no CDP, as mulheres dos presos são postas todas de uma vez nos pavilhões e as celas são abertas. Os encontros íntimos ocorrem em ambiente coletivo. Com isso, os presos e suas companheiras podem circular livremente em todas as celas do pavilhão, e essa circunstância facilita o abuso sexual praticado contra companheiras dos presos", informou o juiz Douglas de Melo Martins.