Assaltos a ônibus em São Luís sobem 141% em 2013
A criminalidade em São Luís e região metropolitana provocou o aumento de 141% no número de assaltos a ônibus em 2013. Segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Maranhão, no ano passado foram registrados 628 assaltos a ônibus, contra 260 em 2012 .
As linhas que têm rotas que cortam as avenidas Africanos e Franceses, localizadas em áreas pobres da cidade, além da BR-135, do quilômetro zero ao dois, são que mais sofrem assaltos.
A maioria dos assaltos, de acordo com o sindicato, ocorre durante a noite, quando os caixas dos cobradores estão com mais dinheiro. “Cerca de 80% dos assaltos ocorre entre as 18h e 22h porque os ônibus estão com o apurado do dia. Orientamos os cobradores a não ficarem com mais de R$ 50,00 na gaveta para troco e colocar o restante no cofre, mas mesmo assim os ladrões invadem os ônibus em busca do pouco que há em caixa”, disse o presidente do sindicato Gilson Coimbra.
Para Coimbra, o número de assaltos a ônibus aumentou devido ao crescimento da criminalidade e também ao envolvimento de pessoas com drogas.
“Esses roubos são feitos geralmente por usuários de drogas para sustentar o vício. Eles observaram que assaltar um ônibus é a forma mais fácil e rápida para comprar drogas. Além de roubarem o dinheiro em caixa eles entram no ônibus para roubar os passageiros”, contou Coimbra, destacando que é comum trabalhadores rodoviários sofrerem de problemas psiquiátricos como síndrome do pânico.
Atualmente a frota de ônibus em São Luís e região metropolitana é composta por 840 veículos e a passagem de ônibus custa R$ 2,10.
As câmeras instaladas nos ônibus não inibem os assaltos, segundo o sindicato.
“As câmeras só fazem registrar o assalto, pois os ladrões hoje em dia nem ligam se estão com rosto limpo ou coberto para assaltar até na luz do dia. Os ladrões que são pegos são presos num dia e no outro já estão soltos cometendo novos delitos. Essa facilidade da lei faz aumentar a criminalidade nos ônibus porque o bandido sabe que vai ficar impune”, disse Coimbra.
A PM (Polícia Militar) informou que desde o mês de outubro reforçou o número de abordagens a ônibus, principalmente no fim de semana, para coibir os assaltos no transporte coletivo.
Incêndios
Além dos assaltos, São Luís também sofre com ônibus incendiados. O sindicato não tem números consolidados de quantos veículos foram queimados em 2013, mas estima-se em cerca de dez.
A onda de ataques a ônibus na capital maranhense resultou na morte de uma criança de seis anos. O ônibus que trafegava pelo bairro Vila Sarney, em São José de Ribamar (região metropolitana de São Luís), foi invadido por criminosos que atearam fogo no veículo em retaliação a uma operação da polícia no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no último dia 3. Cinco pessoas ficaram queimadas no incêndio criminoso e uma menina de seis anos morreu. Outros três veículos foram atacados por criminosos na capital.
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) atribuiu os ataques a ônibus a ordens dadas por presos de Pedrinhas ligados a facções criminosas. O complexo de Pedrinhas é um dos presídios mais violentos do Brasil, segundo relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) divulgado no último dia 27 de dezembro. Devido à insegurança causada pelos ataques, ônibus deixaram de circular em São Luís durante três dias.
Os ataques a ônibus coletivos em São Luís e região metropolitana vêm se tornando constantes. No dia 9 de novembro, dois ônibus foram incendiados, e os passageiros foram roubados pelos criminosos. Na mesma noite, homens armados mataram um PM e feriram dois durante ataques a trailers da polícia.
Dois dias depois, a onda de ataques criminosos na cidade Luís continuou. Homens armados assaltaram um ônibus na Lagoa da Jansen e tentaram atear fogo ao veículo na noite do dia 11 de novembro. Ao mesmo tempo, um outro grupo tentou invadir e colocou fogo no trailer da Polícia Militar do bairro Vila Nova, o mesmo que foi atacado no dia 9, e um policial que estava no posto foi assassinado a tiros.
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Os ataques ocorreram na mesma noite o governo do Estado anunciava novos nomes para o comando da PM, o subcomando da corporação e o comando do Policiamento Metropolitano.
O MPE (Ministério Público Estadual) vai investigar se a atuação da PM (Polícia Militar) nos presídios do Maranhão reduziu a segurança da população em São Luís, além da legalidade da atuação da PM no complexo de Pedrinhas, foco do da crise na área de segurança pública.
Estupros
As ações de violência ordenadas no Complexo de Pedrinhas foram relatadas pelo CNJ, que mostrou que mulheres e irmãs de presos que não são líderes de facções ou comandam pavilhões nos presídios são estupradas dentro das celas em dias de visita. Há relatos também de estupros fora dos presídios, também ordenados por integrantes dessas facções.
Ainda segundo o CNJ, a disputa dos grupos pelo domínio dos presídios de Pedrinhas já causou diversos assassinatos e estupros em mulheres de presos que não são chefes de setor ou líderes, e acaba comprometendo a segurança do local.
"Em dias de visita íntima no Presídio São Luís I e II e no CDP, as mulheres dos presos são postas todas de uma vez nos pavilhões e as celas são abertas. Os encontros íntimos ocorrem em ambiente coletivo. Com isso, os presos e suas companheiras podem circular livremente em todas as celas do pavilhão, e essa circunstância facilita o abuso sexual praticado contra companheiras dos presos", informou o juiz Douglas de Melo Martins.
Por determinação do governo do Estado, a PM assumiu o complexo em 27 de dezembro. Apesar da ação, ele já registrou duas mortes em menos de 24 horas neste ano.
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