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Cabral: ato que matou cinegrafista pode ter cunho político

Tomaz Silva/Agência Brasil
Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil

Do Estadão Conteúdo, no Rio

12/02/2014 13h35

Ao comentar a prisão do segundo envolvido na explosão do rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que "esses dois jovens estão inseridos em um contexto maior" que envolve partidos políticos e organizações.

"Há partidos políticos e organizações embutidos nessas ações (de violência que ocorrem durante manifestações). Essas questões não devem ficar camufladas, é preciso tirar a máscara. A dimensão mais grave é que envolveu a vida de uma pessoa", afirmou Cabral, sem citar nomes. "Esses dois jovens fazem parte de uma concepção de desprezo do institucional, do legal, do democrático. Há grupos e segmentos de partidos políticos que desprezam o processo democrático, as instituições, a economia de mercado. Esses dois jovens estão inseridos em contexto maior, são ações que se complementam".

Cabral comentou a prisão de Caio de Souza depois de uma solenidade no Palácio Guanabara e elogiou o trabalho da policia. Além de Caio, está preso também o tatuador Fábio Raposo, que disse ter entregue o rojão a ele.

Prisão

O suspeito de acender o rojão se manteve em silêncio desde que foi preso em uma pensão em Feira de Santana (BA), na madrugada desta quarta-feira (12). Segundo o responsável pela investigação, delegado Maurício Luciano da 17ª DP (São Cristóvão), o jovem não admitiu ter soltado o rojão.

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"O Caio, assim que foi preso, não esboçou reação. Disse que não falaria a respeito do fato. Agora, sendo ouvido na delegacia manteve esse posicionamento. O Caio não admitiu nem negou o que lhe é atribuído", afirmou. "Mesmo sem confissão, as provas são contundentes."

O delegado disse que o suspeito tem um jeito de ser na vida particular e outro quando está em grupo. Luciano acompanhou Souza no voo que o levou de Salvador para o Rio de Janeiro.

"Ele é um cara tranquilo, cumprimenta a todos. No trabalho ficaram surpresos [com o envolvimento dele]. Caio na vida particular, sozinho, tem um jeito", afirmou. "Sob efeito da multidão se transforma e passa a agir de forma extremamente violenta."

Veja o momento em que o cinegrafista é atingido por bomba

O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, afirmou que o inquérito será entregue à Justiça na próxima sexta-feira (14). "Há uma ordem de prisão cautelar expedida para o Caio Silva de Souza", disse. "Chegamos ao Caio via advogado. A diferença entre parar de fugir ou se entregar só o juiz vai avaliar."

O delegado Maurício Luciano disse que não pode afirmar que Caio e Fábio são black blocs. "Eles têm uma sintonia, trabalham associados. Rezam da mesma cartilha, mas não podemos dizer que eles são black blocs", afirmou.

Medo de morrer

O suspeito disse que teve medo de que o matassem. O jovem conversou com a "TV Globo", depois que foi preso. "Eu fiquei com medo de me matarem. A verdade é essa", afirmou. Quando perguntado quem poderia matá-lo, o suspeito disse apenas "pessoas envolvidas nas manifestações".

Na entrevista, ele disse ter acendido o rojão que atingiu o cinegrafista pensando se tratar de um "cabeção de nego". Souza disse ainda que alguns jovens são convocados para manifestações e outros não. "Isso a polícia tem que investigar", afirmou quando indagado por quem os manifestantes seriam convocados.