Com crise hídrica, Itu (SP) vende mais caixa de água e caminhão-pipa
A crise no abastecimento de água em Itu (101 km de São Paulo) tem trazido transtornos e prejuízo para moradores e donos de bares e restaurantes da cidade. Já para outro setor do comércio, de caminhões-pipa e caixas e bombas de água, o problema tem gerado lucro.
Danilo Scaravelli, 32, dono de uma loja de material de construção no bairro Jardim das Rosas, conta que tem vendido uma média de 20 caixas de água por dia nos últimos dois meses. Antes disso, não passava de duas.
A caixa de mil litros, que custa R$ 290, é a mais vendida. "As pessoas não compram maior por falta de espaço em casa. Compram porque é o jeito, mas elas não têm condições", afirma Scaravelli.
O comerciante também tem faturado com bombas de água, item que não fazia parte do seu estoque dois meses atrás. Hoje ele vende seis por dia.
O autônomo José Luiz Lopes, 59, comprou duas caixas de 500 litros para amenizar o problema da falta de água. Depois, teve de adquirir uma bomba. "A água vinha fraca e não conseguia encher a caixa. Não era pra gastar [dinheiro com isso], mas é o jeito", diz.
Ele afirma que a água tem vindo "dia sim, dia não" e quando chega é sempre durante a madrugada. "Tem de ficar acordado para pegar água", fala. "Mas a conta vem o mesmo preço", afirma.
Desde fevereiro a cidade enfrenta um racionamento de água. A população recebe água em dias alternados, mas em algumas localidades a água demora três dias para chegar, segundo relato de moradores.
Na última terça-feria (29), o Ministério Público de São Paulo recomendou que a prefeitura decrete estado de calamidade pública. A prefeitura informou que "está reunindo documentos e estudos para avaliar a necessidade do decreto".
Caminhões-pipa
A maior e mais antiga empresa que vende água na cidade registrou aumento de cerca de 300% no número de pedidos de caminhão-pipa nos últimos dois meses.
Evani Rizzi, dona da empresa, conta que teve de contratar três funcionários para tentar atender a demanda. Mesmo assim ela diz que só tem conseguido atender menos de 30% das solicitações.
"Muitas pessoas que ligam têm caixa de água no telhado e nós não atendemos porque precisa de mão de obra específica. Só atendemos pedidos de pessoas que tem caixa no chão, piscina ou cisterna", diz.
Por 10 mil litros de água, a empresa pede atualmente R$ 280, cerca de 10% a mais do que vinha cobrando até a semana passada.
Regiane Ávila, gerente de um restaurante no centro de Itu, viu sua despesa com água aumentar em quase 70% nos últimos meses.
Ela conta que o valor da conta de água passou de R$ 800 para R$ 50 porque não tem chegado água no local. Em compensação, tem gasto R$ 2.500 com caminhão-pipa. "Mesmo gastando mais tem momento que ficamos sem água", desabafa.
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