Sabesp já utiliza 2ª cota do volume morto do Cantareira; entenda
A segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, já começou a ser usada pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Nesta segunda-feira (17), o nível do sistema caiu para 10,3%.
O volume morto é a água que fica no fundo das represas e que precisa ser captada por meio de bombas, ao contrário do volume útil, que é retirado por gravidade.
O volume morto do Cantareira tinha aproximadamente 500 bilhões de litros de água. Uma primeira parte dessa reserva, com 182,5 bilhões de litros de água, começou a ser usada em maio e chegou ao fim seis meses depois.
Com isso, a Sabesp começou a usar no último fim de semana uma segunda parte, com 106 bilhões de litros de água. Em outubro, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, afirmou que, se não chover, essa cota deve acabar em março do próximo ano.
Além dessa parte, o volume morto do Cantareira ainda dispõe de pouco mais de 200 bilhões de litros de água --uma terceira cota--, que o governo do Estado já considera usar caso não chova.
Segundo Vicente Andreu, presidente da ANA (Agência Nacional de Águas) --um dos órgãos reguladores do Cantareira--, essa parte é o "ralo do reservatório, o lodo".
Polêmica
Mesmo antes de começar a ser usada, a segunda cota do volume morto do Cantareira foi alvo de polêmica. Em outubro, Vicente Andreu se referiu ao uso dessa segunda parte como uma "pré-tragédia".
O mesmo órgão acusou a Sabesp de retirar água dessa cota sem autorização. A companhia negou ter descumprido qualquer norma.
Riscos
Desde que começou a ser usado, o volume morto é alvo de críticas. Especialistas alertam para os riscos que ele pode trazer à saúde caso não seja tratado de forma adequada.
Por estar no fundo das represas, o volume morto acumula sujeira, sedimentos e até metais pesados, nocivos à saúde. Segundo a Sabesp, o tratamento dessa reserva é o mesmo que era usado com o volume útil, "dentro dos rígidos padrões de qualidade seguidos pela Sabesp".
Especialistas também apontam riscos ambientais. Segundo eles, o uso do volume morto torna a recuperação do sistema mais lento, além de aumentar o risco de esgotamento das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, já que as represas do Sistema Cantareira estão nas cabeceiras desses rios.
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