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Sabesp já utiliza 2ª cota do volume morto do Cantareira; entenda

Represa Jaguari-Jacareí, entre os municípios de Bragança Paulista e Vargem, no interior de São Paulo, faz parte do Sistema Cantareira - Luis Moura - 13.nov.2014/Estadão Conteúdo
Represa Jaguari-Jacareí, entre os municípios de Bragança Paulista e Vargem, no interior de São Paulo, faz parte do Sistema Cantareira Imagem: Luis Moura - 13.nov.2014/Estadão Conteúdo

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

17/11/2014 11h11Atualizada em 18/11/2014 13h19

A segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, já começou a ser usada pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Nesta segunda-feira (17), o nível do sistema caiu para 10,3%.

O volume morto é a água que fica no fundo das represas e que precisa ser captada por meio de bombas, ao contrário do volume útil, que é retirado por gravidade.

O volume morto do Cantareira tinha aproximadamente 500 bilhões de litros de água. Uma primeira parte dessa reserva, com 182,5 bilhões de litros de água, começou a ser usada em maio e chegou ao fim seis meses depois.

Com isso, a Sabesp começou a usar no último fim de semana uma segunda parte, com 106 bilhões de litros de água. Em outubro, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, afirmou que, se não chover, essa cota deve acabar em março do próximo ano.

Além dessa parte, o volume morto do Cantareira ainda dispõe de pouco mais de 200 bilhões de litros de água --uma terceira cota--, que o governo do Estado já considera usar caso não chova.

Segundo Vicente Andreu, presidente da ANA (Agência Nacional de Águas) --um dos órgãos reguladores do Cantareira--, essa parte é o "ralo do reservatório, o lodo".

Polêmica

Mesmo antes de começar a ser usada, a segunda cota do volume morto do Cantareira foi alvo de polêmica. Em outubro, Vicente Andreu se referiu ao uso dessa segunda parte como uma "pré-tragédia".

O mesmo órgão acusou a Sabesp de retirar água dessa cota sem autorização. A companhia negou ter descumprido qualquer norma.

Riscos

Desde que começou a ser usado, o volume morto é alvo de críticas. Especialistas alertam para os riscos que ele pode trazer à saúde caso não seja tratado de forma adequada.

Por estar no fundo das represas, o volume morto acumula sujeira, sedimentos e até metais pesados, nocivos à saúde. Segundo a Sabesp, o tratamento dessa reserva é o mesmo que era usado com o volume útil, "dentro dos rígidos padrões de qualidade seguidos pela Sabesp".

Especialistas também apontam riscos ambientais. Segundo eles, o uso do volume morto torna a recuperação do sistema mais lento, além de aumentar o risco de esgotamento das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, já que as represas do Sistema Cantareira estão nas cabeceiras desses rios.