Com guerra de facções, RN tem recorde de 206 assassinatos em janeiro
O Estado do Rio Grande do Norte registrou 206 homicídios em janeiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (1º) pelo Observatório da Violência Letal Intencional do Rio Grande do Norte, ligado à Universidade Federal Rural do Semiárido. Segundo a instituição, o mês foi o mais violento da história do Estado --o que se explica, em partes, pela guerra de facções que resultou em mortes dentro e fora de presídios.
Segundo os dados, o número de mortes em janeiro cresceu 40% em relação ao ano passado, saltando de 147 para 206. O ano de 2016 foi o mais violento da história potiguar, com 1.988 homicídios --média de 5,4 crimes por dia. Neste ano, o mês de janeiro elevou essa média para 6,6.
Entre as mortes computadas em presídios, estão as 26 do dia 14 na penitenciária de Alcaçuz, em Nisia Floresta; e uma na Penitenciária Estadual do Seridó, em Caicó.
Há também suspeita de que outras mortes tenham sido provocadas pela briga das facções Sindicato do RN e PCC (Primeiro Comando da Capital) --que disputam o poder do crime no RN. Uma delas, no dia 26, foi filmada e publicada nas redes sociais pelos assassinos, que decapitaram a vítima e se intitulam como integrantes do PCC.
“Ainda se subtrairmos os mortos de Alcaçuz, teremos 33 casos a mais que em 2016”, afirma o coordenador do observatório, o pesquisador Ivênio Hermes.
Ivênio Hermes ainda avalia que o número de mortos pode ser maior, já que não se tem certeza sobre a quantidade de assassinatos dentro de Alcaçuz.
Natal líder em mortes
Mesmo com a chacina em Nisia Floresta, a cidade com maior número de mortes foi Natal, que registrou 53 mortes violentas --6 a mais que em 2016. Nisia ficou em segundo, com as 26 de Alcaçuz; e Parnamirim, também na região metropolitana da capital, ficou em 3º, com 14.
“A zona norte de Natal --que não foi privilegiada por grande presença das Forças Armadas-- teve exatos 50% de aumento no número de homicídios. Lá se perceberam os impactos da ausência do estado; isto é, o estado deixou de protagonizar a segurança pública e isso empodera os criminosos”, conta.
Ainda segundo o pesquisador, é natural que, com a maior força das facções, o número de mortes cresça. “Desafetos das facções começaram a pagar com a vida aqui fora. A criminalidade migrou com força para as áreas desprotegidas das Forças Armadas.”
Para ele, o crescimento nas mortes que vem sendo verificado seria fruto de erros administrativos. “O impacto que levou ao aumento da violência foi a perda do controle do Estado sobre suas instituições que atuam diretamente no combate a criminalidade. Sesed [Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social] e Sejuc [Secretaria de Justiça e Cidadania] não se entendem, e, por sua vez, os projetos motores da atual gestão perderam a credibilidade.
Uma atitude assim transmite à criminalidade a falta de organização e uma certa dificuldade em reagir, eles se sentem empoderados e cada dia”, relata. menos respeitam a lei e ao Estado, atacando, agentes, prédios públicos e o transporte público”, diz Hermes.
A Sesed informou ao UOL que não comenta números de terceiros. “Próxima segunda-feira o setor de estatísticas divulgará os nossos e poderemos comentar”, afirma.
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