Ministro propõe força-tarefa com MPF, Justiça e PF para combater "Estado paralelo" no Rio
Em meio à onda de violência no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, propôs nesta sexta-feira (22) a criação de uma força-tarefa federal voltada exclusivamente ao combate do que chamou de "Estado paralelo que existe hoje no Rio".
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O grupo seria composto por integrantes do MPF (Ministério Público Federal), da Justiça Federal e da Polícia Federal. A ideia foi apresentada em uma reunião de aproximadamente três horas com a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Hoje, o ministro autorizou o cerco à favela da Rocinha, na zona sul da capital fluminense, por 950 militares das Forças Armadas.
Após sofrer tentativa de invasão por traficantes rivais no domingo (17) e entrar nesta sexta em seu quinto dia com operações policiais, a comunidade voltou a registrar tiroteios e ataques a policiais pela manhã desta sexta. Ao menos duas pessoas foram baleadas.
Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, depois do encontro na PGR (Procuradoria-Geral da República), Jungmann explicou sua proposta.
"Que eles sejam policiais, juízes e procuradores dedicados ao Rio de Janeiro durante o tempo que for necessário para combater não só o crime organizado, mas o Estado paralelo que hoje existe no Rio, que é exatamente aquelas instituições do Estado que foram capturadas pelo crime organizado", declarou.
O ministro afirmou que a procuradora-geral o recebeu "muitíssimo bem", ficou de analisar essa situação e "com brevidade" dar uma resposta. Durante a reunião, Dodge pediu ao ministro que formalize a proposta, especificando qual seria o papel de cada instituição na eventual força-tarefa.
A reportagem do UOL apurou que a solicitação foi feita porque não ficou claro durante a reunião o que exatamente Jungmann espera do Ministério Público Federal. A procuradora-geral informou que o pedido do ministro da Defesa seria posteriormente analisado pelos integrantes de sua equipe.
Parlatórios
Jungmann informou ainda que, na reunião, Dodge sugeriu a instalação de parlatórios --espaço controlado para a interlocução com detentos-- em todos os presídios federais. Ele disse que a medida, se posta em prática, ajudaria a coibir o contato do chefe da gangue com familiares e advogados que possam transmitir ordens e recados.
“Se nós não interrompermos a comunicação do comando do crime, que está preso, com o crime que está nas ruas, [a situação de ordens da cadeia] vai se repetir. [...] É um princípio de mudança que espero que venha a ser seguido no sistema prisional”, disse.
No entanto, o governo tem encontrado uma “enorme resistência” a essa ideia, especialmente por parte de advogados criminalistas, falou. Embora tenha ressaltado que não se pode generalizar os casos, os advogados que trabalham para grupos de crime organizado podem ser chantageados se não passarem a servir os bandidos.
“O que estou dizendo é que temos um caso diferente e espero levar esse problema ao presidente da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] e ele nos ajude a dar respostas a essa situação”, declarou. Ainda não há previsão de quando essa reunião acontecerá.
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