Topo

Forças especiais da PM buscam Rogério 157 na Maré; operação deixa 14 mil sem aulas

Apreensão feita pelo Batalhão de Choque na operação desta quinta no Complexo da Maré - Divulgação/PMERJ
Apreensão feita pelo Batalhão de Choque na operação desta quinta no Complexo da Maré Imagem: Divulgação/PMERJ

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

28/09/2017 10h36Atualizada em 28/09/2017 17h30

A Polícia Militar do Rio de Janeiro realiza nesta quinta-feira (28) uma operação no Complexo da Maré, conjunto de favelas da zona norte carioca, com objetivo de localizar e prender Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do tráfico de drogas na Rocinha, na zona sul. Por conta da possibilidade de tiroteios, pouco mais de 14 mil alunos estão sem aula na região, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação.

Rogério é um dos pivôs da crise de segurança na Rocinha, que teve início no dia 17 deste mês com a tentativa de invasão da comunidade por um grupo de traficantes rivais.

De acordo com a PM, as incursões ocorrem nas favelas Nova Holanda e Parque União. Os militares apreenderam dois fuzis M-16, uma pistola, um radiotransmissor e cerca de meia tonelada de drogas.

Por outro lado, enquanto mais de 14 mil alunos estão sem aulas na Maré, todas as unidades da rede municipal na região da Rocinha abriram pela primeira vez, nesta quinta, desde o cerco militar à favela, feito na última sexta (22). No total, seis escolas, duas creches e um EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil) retomaram plenamente as suas atividades, beneficiando 3.344 crianças e adolescentes.

O clima é de trégua na região, mas as forças de segurança continuam no terreno a fim de prender traficantes e apreender armas e drogas. Na quarta-feira (27), como mostrou reportagem do UOL, a maioria das unidades da rede municipal já havia sido reaberta. Apenas dois colégios optaram por suspender as aulas, afetando assim 817 estudantes.

Participam hoje da operação na Maré as unidades do COE (Comando de Operações Especiais) --o Bope (Batalhão de Operações Especiais), divisão de elite da Polícia Militar, além do Batalhão de Choque e do BAC (Batalhão de Ações com Cães). O efetivo não foi informado.

A Polícia Civil, por meio da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), da DRFC (Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas) e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), também realiza diligências na região. Os agentes foram à Vila dos Pinheiros, na Maré, para "checar informações de inteligência". Lá, eles apreenderam uma grande quantidade de drogas, sendo 30 kg de maconha e cerca de 5.000 pinos de cocaína.

Segundo relatos publicados na internet, houve troca de tiros durante a movimentação policial. O perfil OTT (Onde Tem Tiroteio), que faz um mapeamento não oficial de conflitos por meio das redes sociais, alertou moradores por volta das 6h37.

"Tiros na Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré. Principalmente pelo lado da linha Amarela. Atenção na região", postou a página no Twitter. A PM não informou sobre possíveis confrontos armados.

A Secretaria Municipal de Educação informou que, no total, 19 escolas, seis creches e 12 EDIs (Espaços de Desenvolvimento Infantil) suspenderam as atividades por conta da instabilidade na região da Maré.

Na noite de quarta-feira (27), a Justiça do RJ decretou a prisão preventiva de Rogério 157 e de outros traficantes que também são alvos da operação de hoje, como Ivan da Silva Martins, o Ivanzinho; Alan Francisco da Silva, o Bilan; Michael Ferreira de Souza, o Rabicó; e Horácio Ferreira do Nascimento, o Orelhinha. Os mandados se referem à morte do PM Hudson Silva de Araújo, da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Rocinha no dia 23 de julho.

De acordo com investigações da Polícia Civil, os denunciados participam da sangrenta briga entre grupos rivais pelo comando do tráfico na Rocinha, situação que levou à reação do Estado com um cerco militar, feito na última sexta-feira (22). Mais de 1.000 homens da PM e das Forças Armadas e dezenas de tanques do Exército subiram a favela a fim de acabar com a disputa e estabilizar a segurança na região depois de praticamente uma semana de tiroteios diários e outros atos de violência.

“O perfil violento, em especial destes denunciados, e a certeza de impunidade dos integrantes do tráfico da localidade onde ocorreram os fatos têm levado a prática deste tipo de conduta corriqueiramente no nosso Estado. Estes acusados, liderados, pelo menos os indícios sugerem, pelo acusado de vulgo “Rogerinho 157” são os responsáveis pelo atual clima de terror na comunidade da Rocinha, travando guerra sangrenta responsável pela intervenção das tropas federais no Estado”, relata o juiz do 3º Tribunal do Júri da Capital, Alexandre Abrahão Dias Teixeira, que assina a decisão.

Contra Rogério 157 há ainda outros 12 mandados de prisão em aberto, por crimes como homicídio e tráfico de drogas.

O Disque-Denúncia informou ter fixado em R$ 50 mil a recompensa por informações que resultem na captura do chefe do tráfico de drogas na Rocinha. Na última terça (26), um helicóptero do Exército sobrevoou a comunidade e lançou panfletos com orientações para que os moradores possam denunciar a localização de criminosos ou armas.

Tanques do Exército chegaram à Rocinha na sexta-feira (22)

UOL Notícias