Jungmann diz que crise levou Rio de Janeiro à "falência múltipla dos órgãos"
O ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou que o Rio de Janeiro teve "falência múltipla dos órgãos" por conta das várias crises que o Estado vem enfrentando nos últimos anos. Em entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, da "GloboNews", exibida na quarta-feira (27), Jungmann disse que a realidade fluminense é "preocupante" e que é preciso ter cuidado para que "o Rio não seja o Brasil amanhã".
"Costumo dizer que aqui tivemos a falência múltipla dos órgãos, ou seja, das instituições do Rio, você tem uma falência fiscal, falência em termos de governança, de segurança, econômica, e isso tem feito com que os indicadores da violência explodam", declarou.
O ministro tem atuado em conjunto com o governo do Estado na execução do Plano Nacional de Segurança Pública, uma tentativa de reação aos sucessivos episódios de violência no território fluminense, como mortes de policiais militares, tiroteios e disputas pelo comando do tráfico de drogas nas favelas. "A crise de segurança aqui é muito crítica", comentou.
Por meio do Plano Nacional de Segurança Pública, o Ministério da Defesa autorizou o envio de tropas das Forças Armadas para o RJ. Os militares têm realizado, em apoio às polícias Militar e Civil, operações de combate à criminalidade. A ação mais ostensiva ocorreu na última sexta-feira (22), quando as forças de segurança fizeram um cerco à Rocinha, na zona sul carioca, palco de uma briga entre traficantes rivais que deixou ao menos sete mortos desde 17 de setembro.
Mais de 1.000 homens da PM e das Forças Armadas e dezenas de tanques do Exército subiram a favela a fim de acabar com a disputa e estabilizar a segurança na região depois de praticamente uma semana de tiroteios diários.
Procurado pela reportagem do UOL, o governo informou por meio de sua assessoria de comunicação que não comentaria o assunto. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) cumpre agenda oficial nesta manhã em Paracambi, região metropolitana do RJ.
Operação para prender chefe do tráfico
A PM realiza nesta quinta-feira (28) uma operação no Complexo da Maré, conjunto de favelas da zona norte carioca, com objetivo de localizar e prender Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do tráfico de drogas na Rocinha, na zona sul.
Rogério é um dos pivôs da crise de segurança na Rocinha, que teve início no dia 17 deste mês com a tentativa de invasão à comunidade por um grupo de traficantes rivais.
De acordo com a PM, as incursões ocorrem nas favelas Nova Holanda e Parque União. Até o momento, os militares apreenderam dois fuzis M-16, uma pistola, um radiotransmissor e cerca de meia tonelada de drogas.
Participam da operação as unidades do COE (Comando de Operações Especiais) --o Bope (Batalhão de Operações Especiais), divisão de elite da Polícia Militar, além do Batalhão de Choque e do BAC (Batalhão de Ações com Cães). O efetivo não foi informado.
A Polícia Civil, por meio da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), da DRFC (Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas) e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), também realiza diligências na região. Os agentes foram à Vila dos Pinheiros, na Maré, para "checar informações de inteligência". Lá, eles apreenderam uma grande quantidade de drogas, sendo 30 kg de maconha e cerca de 5.000 pinos de cocaína.
Segundo relatos publicados na internet, houve troca de tiros durante a movimentação policial. O perfil OTT (Onde Tem Tiroteio), que faz um mapeamento não oficial de conflitos por meio das redes sociais, alertou moradores por volta das 6h37.
"Tiros na Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré. Principalmente pelo lado da linha Amarela. Atenção na região", postou a página no Twitter. A PM não informou sobre possíveis confrontos armados.
Na noite de quarta-feira (27), a Justiça do RJ decretou a prisão preventiva de Rogério 157 e de outros traficantes que também são alvos da operação de hoje, como Ivan da Silva Martins, o Ivanzinho; Alan Francisco da Silva, o Bilan; Michael Ferreira de Souza, o Rabicó; e Horácio Ferreira do Nascimento, o Orelhinha. O mandado se refere à morte do PM Hudson Silva de Araújo, da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Rocinha no dia 23 de julho.
De acordo com investigações da Polícia Civil, os denunciados participam da sangrenta briga entre grupos rivais pelo comando do tráfico na Rocinha, situação que levou à reação do Estado com um cerco militar, feito na última sexta-feira (22).
“O perfil violento, em especial destes denunciados, e a certeza de impunidade dos integrantes do tráfico da localidade onde ocorreram os fatos têm levado a prática deste tipo de conduta corriqueiramente no nosso Estado. Estes acusados, liderados, pelo menos os indícios sugerem, pelo acusado de vulgo “Rogerinho 157” são os responsáveis pelo atual clima de terror na comunidade da Rocinha, travando guerra sangrenta responsável pela intervenção das tropas federais no Estado”, relata o juiz do 3º Tribunal do Júri da Capital, Alexandre Abrahão Dias Teixeira, que assina a decisão.
Contra Rogério 157 há ainda outros 12 mandados de prisão em aberto, por crimes como homicídio e tráfico de drogas.
O Disque-Denúncia informou ter fixado em R$ 50 mil a recompensa por informações que resultem na captura do chefe do tráfico de drogas na Rocinha. Na última terça (26), um helicóptero do Exército sobrevoou a comunidade e lançou panfletos com orientações para que os moradores possam denunciar a localização de criminosos ou armas.
Escolas reabrem na Rocinha
Por outro lado, enquanto mais de 14 mil alunos estão sem aulas na Maré, todas as unidades da rede municipal na região da Rocinha abriram pela primeira vez, nesta quinta-feira (28), desde o cerco militar à favela, feito na última sexta (22). No total, seis escolas, duas creches e um EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil) retomaram plenamente as suas atividades, beneficiando 3.344 crianças e adolescentes.
O clima é de trégua na região, mas as forças de segurança continuam no terreno a fim de prender traficantes e apreender armas e drogas. Portanto, ainda há possibilidade de confrontos armados.
Na quarta-feira (27), como mostrou reportagem do UOL, a maioria das unidades da rede municipal já havia sido reaberta. Apenas dois colégios optaram por suspender as aulas, afetando assim 817 estudantes.
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