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Detectores de fumaça não estavam funcionando na hora do incêndio, diz vice-diretora do museu

03.set.2018 - Imagem de como ficou o interior do museu após o incêndio; o meteorito Bendegó (foto) resistiu ao fogo - Reprodução/TV UOL
03.set.2018 - Imagem de como ficou o interior do museu após o incêndio; o meteorito Bendegó (foto) resistiu ao fogo Imagem: Reprodução/TV UOL

Gabriel Sabóia e Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

03/09/2018 16h52Atualizada em 03/09/2018 19h40

O Museu Nacional do Rio de Janeiro possuía detectores de fumaça, mas os equipamentos não estavam em funcionamento quando o edifício pegou fogo na noite de domingo (2), segundo a vice-diretora da instituição, Cristiana Serejo. Ela não deu detalhes sobre o motivo de os detectores de fumaça não estarem funcionando. Mencionou apenas que a instituição passava por uma fase de limitação de recursos.

O museu também possuía uma brigada de incêndio, mas os funcionários treinados não estavam no local na hora do fogo.

Os detectores de fumaça poderiam ter salvado o museu, pois em tese acionariam um alarme no Corpo de Bombeiros e o socorro poderia ter chegado a tempo de controlar as chamas e salvar ao menos uma parte do prédio, segundo o analista de risco Marcelo D´Alessandro, diretor-executivo da ABGR (Associação Brasileira de Gerência de Riscos).

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Segundo Cristiana, não havia seguro nem para o prédio nem para o acervo. “Não havia dinheiro suficiente. Não tínhamos sprinklers [sistema automático que joga água nas partes internas do prédio em caso de fumaça] e os detectores de fumaça não estavam funcionando”, disse ela.

Segundo a vice-diretora do museu, até agora acredita-se que o fogo começou em algum lugar no segundo andar do museu, mas um laudo inicial das causas só deve sair daqui a 48 horas.

Segundo o professor da UFRJ Renato Cabral Ramos, cerca de 50 professores e funcionários do museu já haviam passado por treinamento para participar da brigada de incêndio. Mas, como o fogo começou no domingo à noite, esses funcionários não estavam de serviço no local. Segundo a direção do museu, não havia condições de manter pessoal da brigada de incêndio 24 horas por dia.

Ele disse que ao chegar ao local encontrou apenas quatro seguranças, que não se sabe se tinham algum tipo de treinamento em combate a incêndio. Ramos disse que eles só perceberam o incêndio quando as chamas já haviam se alastrado.

Na opinião do analista D’Alessandro, incêndios como o do Museu Nacional do Rio e do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, acontecem porque as autoridades não se preocupam em fazer um plano de risco que avalie as ameaças potenciais que podem atingir esses locais. “Os prédios públicos em geral têm esse problema, eles precisam passar por revisões periódicas, mas não passam”, disse.

“Qualquer coisa pode ter provocado o incêndio. Tem muitos gatos andando nessa região. A gente já tinha encontrado gatos eletrocutados dentro da caixa de força do museu. Mas isso não importa mais, se foi um gato, um gambá, ou se foi uma cafeteira que teve um curto-circuito. Não faz mais diferença”, afirmou.

Balão ou curto-circuito podem ter causado incêndio, diz ministro

Segundo o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, a Polícia Federal iniciou as investigações sobre as causas do incêndio que destruiu o Museu Nacional. Ele avaliou que os trabalhos da PF deverão ser intensificados somente depois de o Corpo de Bombeiros deixar o local.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou que há duas possibilidades sobre as causas do incêndio em investigação: o fogo pode ter sido provocado por um balão ou por um curto-circuito.

"Parece que o fogo começou por cima, no alto, e foi descendo. O Museu Nacional já estava fechado [na hora do fogo], a brigada de incêndio não estava mais lá e havia apenas quatro vigias. Como o fogo começou em cima e na parte de trás, os vigias demoraram para perceber o incêndio. Quando perceberam, já não era mais possível que fizessem alguma coisa", lamentou Leitão na "Rádio Eldorado".

*Com informações do Estadão Conteúdo