Temer quer criar grupo de bancos e empresas para restaurar Museu Nacional
O presidente da República, Michel Temer (MBD), informou nesta segunda-feira (3) que articula a criação de um grupo formado por empresas públicas e privadas, como bancos, para restaurar o Museu Nacional no Rio de Janeiro, destruído neste domingo (2) por um incêndio de grandes proporções. A intenção foi informada por meio de nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
Segundo a Presidência, o grupo é composto inicialmente por Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Vale e Petrobras.
Na nota, a Presidência informou que as entidades deverão apoiar economicamente a reconstrução do prédio do museu “no tempo mais breve possível”. Outras instituições poderão ser incorporadas ao longo do projeto.
Ainda de acordo com a Presidência, os ministérios da Educação e Cultura estudam mecanismos para que as empresas se associem na reconstrução do edifício e na busca pela recomposição do acervo destruído. Uma das alternativas é usar a Lei Rouanet para financiar a iniciativa.
Reitor e diretor do museu responsabilizam governo federal
O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher, e o diretor do Museu Nacional, Alex Kellner, responsabilizaram na manhã de hoje o governo federal pela falta de recursos para a instituição.
Eles disseram que, a partir de 2015, foi desenvolvido um projeto de recuperação estrutural do edifício histórico, mas a liberação do dinheiro --cerca de R$ 21 milhões, do BNDES-- só saiu este ano. "Todos sabíamos que o prédio estava em condições vulneráveis. Eram necessárias intervenções sistêmicas", disse Leher.
"O Brasil precisa avaliar para onde estamos caminhando. Não existe nenhuma linha de financiamento dos ministérios da Educação e Cultura para prédios históricos tombados pelo patrimônio histórico. Sofremos queda brutal de orçamento, de R$ 140 milhões no custeio nos últimos quatro anos. É necessário que o governo federal olhe para o Brasil. Precisaremos de recursos importantes para recuperar o museu. No orçamento de 2019, a sociedade brasileira vai aferir se vamos ter ações objetivas ou se vamos sofrer até a próxima tragédia. Queremos compartilhar nossas lágrimas e nossa indignação."
O reitor disse que em 2015 foi colocada a necessidade de um novo sistema de prevenção de incêndios. Ao comentar se o acidente foi uma tragédia anunciada, afirmou: "Era um cenário muito provável. Prédios tombados precisam de recursos significativos, que nossos museus não têm. Sem dinheiro, todo o patrimônio público museal corre riscos".
Do projeto de 2015 constava a necessidade de recomposição do telhado e de "patologias estruturais". O sistema elétrico, no entanto, não estava em más condições, disseram o reitor e o diretor. Alex Kellner afirmou que seria leviano apontar o que se perdeu e o que se salvou, uma vez que sua entrada no prédio não foi liberada.
"A responsabilidade é do governo federal, não adianta dizer que não. Tem que se falar diretamente. Se tivéssemos conseguido o terreno que pedimos aqui do lado, para o acervo, algo a mais teria sido salvo. Bastava bom senso. Só chorar não adianta. Nem manchete de jornais. O museu precisa de ajuda, já foi falado em diversas ocasiões. Isso é resultado de como tratamos nossa história", definiu. Kellner, há mais de 20 anos no museu, falou com emoção e indignação à imprensa.
"Perdemos parte do acervo, que não façam com que o Brasil perca sua história. O [meteorito] Bendegó resistiu, e, da mesma forma, vamos resistir. O país está de luto. Seria uma irresponsabilidade querer que a UFRJ abarcasse tudo. Eu não estou mais pedindo o terreno da União. Mudou, estou exigindo. É barato, com R$ 200 mil se consegue. Já há uma década não existe investimento na manutenção. A ironia do destino é que o dinheiro (do BNDES) chegou. Só não deu tempo".
*Com informações do Estadão Conteúdo
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