Freixo diz que plano para matá-lo é "ameaça à democracia"
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) se pronunciou nesta quinta-feira (13) sobre um relatório confidencial da Polícia Civil fluminense que indica que milicianos teriam articulado um plano para matá-lo. Pelo Twitter, o parlamentar declarou que "mais uma vez" está sendo ameaçado --ele anda com escolta desde 2008, quando presidiu a CPI das Milícias na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio)-- e que a ideia do possível atentado "não é uma ameaça ao Freixo, mas à democracia".
"Não é uma questão pessoal, é muito mais que isso. A zona oeste [carioca] está hoje sendo governada pelo crime", escreveu ele, que se elegeu deputado federal na última eleição e tomará posse em Brasília em 2019.
O plano para assassinar Freixo envolveria três pessoas, sendo um policial militar e dois comerciantes, segundo reportagem de "O Globo". Os suspeitos seriam ligados a uma milícia da zona oeste da cidade e foram identificados, de acordo com o jornal, no âmbito das investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em março deste ano.
De acordo com o relatório, o plano seria executado durante agenda de Freixo no próximo sábado (15) em Campo Grande, bairro da zona oeste. O parlamentar pretendia encontrar militantes e professores de escolas particulares no sindicato da categoria. As informações referentes à agenda foram divulgadas nas redes sociais do político.
No Twitter, o psolista declarou que, desde que esteve à frente da CPI das Milícias, passou a receber "inúmeras ameaças concretas de morte", o que o levou a contar com proteção policial. "Apresentei medidas para o enfrentamento dos milicianos. O que foi feito? Nada."
Uma das principais linhas analisadas pela polícia sobre o assassinato de Marielle, afilhada política de Freixo, é que o crime tenha sido realizado por membros de milícias --forças paramilitares formadas por policiais e ex-policiais corruptos que exploram diversas modalidades de crimes nas favelas que controlam.
Em novembro, o secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, afirmou em entrevista à "GloboNews" ter certeza do envolvimento de milicianos no assassinato. "Não é um crime de ódio. Falei isso logo na primeira entrevista que dei, em março. É um crime que tem a ver com a atuação política, em contrariedade de alguns interesses. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução", disse ele na ocasião.
Caso Marielle: polícia cumpre mandados de prisão
O chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Rivaldo Barbosa, disse nesta quinta que o objetivo da operação de cumprimento de mandados judiciais contra suspeitos do assassinato de Marielle é obter provas que garantam a condenação. Segundo um integrante da cúpula da Secretaria da Segurança Pública, a polícia já teria identificado suspeitos tanto de executar como de planejar o crime e agora busca provas para tentar garantir a condenação na Justiça se eles forem presos.
"Toda a investigação é cercada de sigilo e estratégia. O que a gente tem feito hoje é uma ação estratégica ligada ao crime da morte do Anderson e da Marielle. O sigilo é importante, se eu falar alguma coisa eu estrago a estratégia. O que a gente pode dizer para a sociedade é que nós estamos trabalhando muito", disse Barbosa nesta quinta-feira.
Nesta quinta, eram cumpridos 15 mandados de prisão, busca e intimações em Nova Iguaçu, Angra dos Reis, Petrópolis e Juiz de Fora (MG). A polícia disse que não informará quantos mandados foram cumpridos. "Uma investigação tem que levar provas robustas, concretas, para a condenação. O que a Polícia Civil está fazendo é buscar provas concretas para a condenação dia assassinos de Anderson a Marielle", afirmou Barbosa.
Segundo nota divulgada pela Polícia Civil, esses mandados de prisão e apreensão se originaram de inquéritos que correm em paralelo à investigação principal do caso Marielle. Contudo, um integrante da Secretaria da Segurança afirmou que a polícia suspeita que os alvos da operação tenham ligação direta com a morte de Marielle. Ele disse, porém, que ainda não é possível divulgar se os procurados são executores do crime ou seus mandantes para não atrapalhar as investigações.
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