PM-DF recolhe 401 submetralhadoras por falta de segurança; Taurus contesta
Resumo da notícia
- PM-DF informou que armas da corporação tinham defeitos para atirar
- Armamentos teriam falhas de utilização, mas não disparavam sozinhos
- Especialistas afirmam que armas geravam riscos para PM e população
A PM (Polícia Militar) do Distrito Federal determinou ontem o recolhimento de 401 submetralhadoras da marca Taurus por falta de segurança. Por meio de despacho publicado no Diário Oficial do DF, ficou sancionada, também, que, por dois anos, a empresa fornecedora ficará impedida de participar de licitações locais.
Armas tinham "vícios ocultos", diz PM
De acordo com a corporação, as submetralhadoras "apresentaram defeitos no mecanismo de segurança, como disparo duplo quando era o simples, falhas de carregamento e ejeção do cartucho, por isso o motivo de recolhimento da arma". Ainda segundo a PM, um processo de licitação para repor essas armas está em fase final.
Em nota, a Taurus afirmou que não foi intimada e que desconhece o processo administrativo conduzido pela PM do DF a respeito de supostos defeitos nas armas. "A companhia não tem notícia de defeitos nas armas do referido modelo fornecidas à PM do DF."
A empresa informou, também que "tomará providências legais cabíveis para anulação do referido processo administrativo, conduzido à sua revelia" e que "responsabilizará quem falsamente divulgar a ocorrência de defeitos de fabricação nas armas modelo detidas pela PM do DF".
O despacho de recolhimento das armas foi feito pelo chefe do Departamento de Logística e Finanças da Polícia Militar do Distrito Federal, o tenente-coronel Stéfano Enes Lobão. Segundo a corporação, um processo administrativo apontou, por meio de laudo pericial, que "o armamento continha vícios ocultos, tornando-o inservível para a corporação".
As 401 submetralhadoras são do modelo SMT .40. De grosso calibre, elas não são utilizadas pelos cerca de 10 mil PMs do DF na ativa diariamente. Normalmente, são utilizadas por policiais treinados a utilizar esse tipo de armamento e em operações especiais. De acordo com a PM, pelo fato de não serem armas utilizadas dia a dia, a população não foi prejudicada.
Em 2016, outro lote de armas da Taurus também teve sua qualidade questionada pela PM do DF. Após laudo pericial contratado pela fornecedora, no entanto, ficou comprovado que aquele lote não gerava riscos, como o de disparar de forma acidental. A empresa enviou o laudo comprobatório para a reportagem.
"Taurus é reincidente"
De acordo com a pesquisadora Isabel Figueiredo, ex-diretora da Secretaria Nacional de Segurança Pública, "a Taurus é reincidente em fazer arma problemática e as polícias ficam à mercê de armas de má qualidade". Segundo ela, armas com defeitos apresentam uma série de riscos, para o policial e também para a população.
Entre os principais riscos apontados pela pesquisadora está, justamente, o disparo acidental.
Para o presidente do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), Renato Sérgio Lima, 401 armas retidas é um índice considerado alto, quando se fala sobre cuidados na segurança pública. "A PM do DF mostrou que seus canais de supervisão não aceitam este tipo de falha", avaliou.
"Reserva de mercado e baixa transparência são ingredientes perfeitos para situações como esta, em que a segurança pública fica como última prioridade, em detrimento do lucro e do lobby", complementou o especialista.
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