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Massacre de Suzano: de flores a hino religioso, emoção marca enterros

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Suzano (SP)

14/03/2019 16h47Atualizada em 14/03/2019 19h33

Os enterros de cinco vítimas do massacre ocorrido ontem na escola estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), começaram a ser feitos na tarde de hoje sob forte comoção de dezenas de parentes, amigos e moradores da cidade. Ao todo, 10 pessoas morreram, entre elas os dois atiradores.

Antes da chegada dos caixões, funcionários montaram um corredor com coroas de flores em uma das vias do cemitério São Sebastião, na cidade da região metropolitana de São Paulo. As homenagens vieram de várias empresas, instituições de ensino e sindicatos da região e de outras partes do estado de São Paulo. Políticos, como o governador João Doria (PSDB) e a deputada estadual Katia Sastre (PR), também enviaram flores.

Todos os funerais foram marcados por aplausos em homenagem às vítimas e pela grande presença de adolescentes -- uma lembrança da precocidade das mortes.

Homenagem de amigos

A primeira vítima a ser sepultada foi Samuel Melquíades Silva Oliveira, 16, por volta das 16h30. Houve aplausos na despedida, conduzida pelo pastor Edmilson.

Seus colegas do Clube Desbravadores, um grupo de jovens da Igreja Adventista do Sétimo Dia, cantaram o hino do grupo da organização. A bandeira dos Desbravadores acompanhou o caixão, que desceu enquanto os amigos agitavam seus lenços amarelos

"Até logo, Samuel. Nós o veremos em glória", disse o pastor.

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Tristeza, choro e flores

O segundo enterro, pouco antes das 17h, foi o de Kaio Lucas da Costa Limeira, 15. Inconsoláveis, parentes do estudante acompanharam a descida do caixão sentados sobre o túmulo.

O terceiro sepultamento foi o de Caio Oliveira, também de 15 anos. A despedida começou com um Pai Nosso na capela do cemitério. O corpo do estudante foi enterrado com um buquê de rosas brancas deixado pelos pais sobre o caixão.

Último pedido e perda do 2º filho

O enterro da inspetora Eliana Xavier, 38, foi marcado por um pedido comovente da família: que a pequena tampa usada para cobrir seu rosto fosse aberta uma última vez, já ao lado do túmulo, para uma despedida final.

No começo da noite, foi enterrado o corpo do estudante Claiton Antonio Ribeiro, 17. A mãe do rapaz, em prantos, lamentava ter que novamente sepultar um filho. Segundo conhecidos da família, uma irmã de Claiton morreu no ano passado.

"Enterrar um filho, a gente não merecia passar por isso de novo", repetia ela em voz alta ao chegar para o sepultamento.

O corpo de Marilena Umezo, 59, coordenadora pedagógica da escola, continua a ser velado, agora na Igreja Matriz São Sebastião. A família aguarda a chegada de um dos filhos da educadora, que mora no exterior, para realizar o sepultamento. Os parentes de Marilena não divulgaram o local do enterro, que deve acontecer amanhã.

Segundo a Prefeitura de Suzano, até o começo da noite de hoje, cerca de 15.000 pessoas passaram pelo velório coletivo na arena da cidade.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
As homenagens tiveram referências ao grupo de desbravadores, e não a escoteiros, como estava no texto. A informação foi corrigida.