"Aqui para ajudar": quem é o homem que ajudou idosa a atravessar enchente
Depois das fortes chuvas que deixaram 10 mortos entre segunda (8) e terça-feira (9) no Rio de Janeiro, o vídeo de um homem ajudando uma senhora a atravessar a rua tomada pela água viralizou e gerou discussão na internet. Quem levou a idosa pela mão foi Varlei Rocha Alves, 50, o Capoeira, guardador de carros há 20 anos no bairro de Copacabana, zona sul da capital.
Já viu aquela pessoa prestativa, que você precisou estou ali para te servir? [...] Eu estou aqui para ajudar
Varlei Rocha Alves, o Capoeira
Nas imagens, Capoeira aparece colocando caixotes de feira e criando uma ponte improvisada para que a idosa atravessasse a rua sem molhar os pés. A crítica dos internautas, no entanto, é de que a mulher nem teria olhado para o homem que a ajudou e nem olhou para trás ao chegar ao outro lado da rua.
"Não importa saber o que eles sentem, o que importa é que estou ajudando e estou me sentindo bem", afirmou em entrevista concedida ontem ao UOL ao se referir às falas das redes sociais.
"Foram várias senhoras que eu ajudei. Todas as senhoras de idade e que não sejam de idade que estavam passando, eu tive cuidado para não cair na água. Até senhores."
Eu sinto amor em ajudar o próximo e não olho a quem, que seja branco, que seja azul, que seja amarelo, eu ajudo qualquer um
Houve quem fizesse uma analogia à época da escravidão, chamando a atitude da idosa de racista, já que Capoeira é um homem negro. "Eu não acho nada (de racismo), não tem nada a ver isso. Estava ajudando ela e qualquer um que estava ali, não foi só ela, era um atrás do outro", respondeu. "Todos que precisarem passar na minha ponte vão passar para não cair."
A serviço das "madames"
Figura conhecida pelos moradores e frequentadores da região, Capoeira relatou que, além de tomar conta de carros, faz "o que as madames precisarem", ajuda em mudanças e a descartar entulho. Além disso, já chegou a atravessar enchentes com gente nas costas para que a pessoa não se molhasse.
"Quando eu chego a fazer um bem para uma pessoa, eu não quero saber se ela é de idade, se ela não é de idade, faço bem a qualquer um. Qualquer ser humano na Terra que precisar da minha ajuda eu estou ali para ajudar, só basta eu poder ajudar."
Em entrevista ao jornal Extra, a idosa que foi ajudada, Anuzia Corrêa, de 86 anos disse que, ao contrário da impressão dos internautas, agradeceu o guardador de carros. "Agradeci muito a ajuda dele. Dei R$ 4, queria dar mais. Nem o conhecia, mas ele foi o responsável por eu ter chegado em casa em paz", explicou.
Casa própria para Capoeira
Morador da comunidade de Costa Barros, na zona norte do Rio, ele vive com o filho Darlei Espírito Santo, 10, na casa da irmã, Claudilene Rocha - conhecida como Dinha -, e com os seis filhos dela em um barraco. Sua mulher morreu há oito anos.
O flanelinha, que já morou na rua, lamenta não ter um imóvel próprio. "Quando eu brigo com a minha irmã, quem tem que sair sou eu, que ela toma conta do meu filho. Durmo na pista, na praça, nos carros, durmo pelos cantos", contou. "É chato a gente morar no que não é nosso. [...] É uma vida triste, fazer o quê?"
Pensando no filho, Capoeira sonha em ter um cantinho só dos dois. "Meu sonho é ter uma casa própria para eu dizer 'meu filho, essa é a tua casa, o pai vai morrer, mas essa casa é tua", disse, emocionado.
Tenho vontade de ter tudo e não consigo ter nada, mas eu gostaria de dar tudo para o meu filho, tudo o que ele pede
Assim, administradores de uma página no Facebook organizaram ontem uma vaquinha online com a finalidade de arrecadar R$ 40 mil reais para que o flanelinha possa realizar seu sonho. Às 15h de hoje, o valor arrecadado já passava dos R$ 102 mil, com mais de 1.800 doações. "Eu não quero ter nada, posso morrer amanhã ou depois, morro feliz só em saber que eu deixei alguma coisa para o meu filho", afirmou Capoeira.
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