PM muda versão e diz que refém foi baleada em Campinas; Corregedoria apura
Resumo da notícia
- PM tinha dito que vítima tinha sido atingida por estilhaço, agora afirma que foi baleada
- Mulher feita refém dentro em Campinas está em UTI e respira com ajuda de aparelhos
- Corregedoria investiga se disparo que a atingiu foi feito por um policial ou pelo criminoso
A Polícia Militar, que informou ontem que a mulher de 37 anos feita refém por um criminoso dentro de casa, em Campinas, havia sido atingida por estilhaços de disparo do sniper, mudou a versão hoje e afirmou que ela foi baleada. A Corregedoria apura se ela foi atingida por um disparo de um policial ou do sequestrador.
Ela deu entrada no hospital PUC-Campinas às 14h32 de ontem. Às 15h25 de hoje, o hospital divulgou boletim médico da paciente em que explicava que, "após procedimento cirúrgico de urgência, a paciente segue internada na UTI Adulto. A paciente encontra-se estável, sedada, em ventilação mecânica e inspira cuidados".
Ontem, a PM havia informado, em nota, que "foi realizada a intervenção do sniper, o qual atingiu o agressor, neutralizando-o imediatamente, e que não resistiu ao ferimento. A mulher foi atingida por estilhaços do disparo na região dos glúteos, tendo sido socorrida em estado de saúde estável".
Hoje, a corporação diz que "em atenção à grave ocorrência registrada na cidade de Campinas, a PM informa que a senhora mantida refém por um dos criminosos foi atingida durante a intervenção policial e precisou passar por cirurgia. Seu estado de saúde ainda inspira cuidados e desejamos a ela pronta recuperação".
"A PM informa, ainda, que, conforme determinam os protocolos e procedimentos da corporação para ocorrências envolvendo confronto policial e óbito, foi instaurada investigação para apurar as circunstâncias da ação. Os resultados da apuração serão apresentados à sociedade assim que o trabalho investigativo for concluído", complementou.
A mulher, que não teve a identidade revelada, foi feita refém, dentro da própria casa, durante duas horas (das 12h às 14h), junto à sua filha, de apenas dez meses, por um criminoso que tentava fugir da polícia após participar de um roubo no aeroporto internacional de Viracopos. O criminoso foi identificado como Luciano Santos Barros, 40. Ele morava em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, e tinha uma passagem na polícia por tráfico de drogas em 2008.
Barros ligou para o 190, informou que estava com as vítimas e pediu que a imprensa fosse ao local. Depois de duas horas, o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) informou que ele foi morto após ser atingido por um tiro disparado por um sniper. A criança deixou a casa no colo de uma policial militar.
O coronel Luiz Augusto Pacheco Ambar, comandante do Gate, afirmou que "as negociações caminhavam muito bem, até que o meliante, com a arma na cabeça da refém, que tinha a filha no colo, se aproximou da porta e aumentou a agressividade de forma desconhecida".
"Então, o sniper, que estava posicionado do outro lado da rua, efetuou um disparo, um tiro de comprometimento, e a equipe tática fez a invasão. Estão salvas as duas vítimas. A criança saiu no colo, bem. E a mãe saiu com um ferimento leve na nádega esquerda e foi socorrida", afirmou.
A advogada Alessandra Martins Gonçalves Jirardi, que diz representar o homem baleado pela polícia, afirmou que saiu de São Paulo e foi até Campinas negociar, sua entrega. Ela não revelou o nome de seu cliente, mas afirmou que ele confirmou a participação no assalto e que disse a ela que tinha a intenção de se entregar.
A Corregedoria da PM vai instaurar inquérito policial militar para apurar se houve algum tipo de excesso na ação ou se o ato foi totalmente legítimo. Mesmo sem laudos técnicos sobre a ação, o governador João Doria (PSDB) foi até Campinas na noite de ontem homenagear os policiais envolvidos na ocorrência.
A ação da quadrilha deixou três suspeitos mortos e dois vigilantes e um policial baleados, segundo a PM. Ao todo, a quadrilha tinha 12 criminosos. Os outros nove são procurados. Eles interceptaram, no pátio interno do terminal de cargas do aeroporto, um contêiner que carregava malotes de dinheiro e que iria ser levado para um avião da transportadora UPS.
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