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Corregedoria investiga outros vídeos de agressões em Paraisópolis

Luís Adorno e Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

03/12/2019 15h53Atualizada em 03/12/2019 16h14

Um novo vídeo, que circula nas redes sociais desde a noite de ontem, mostra um policial militar em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, agredindo jovens que tentavam correr de PMs para longe de um baile funk. Nove jovens morreram na madrugada de domingo após uma ação durante o Baile do DZ7. As causas da morte, segundo a Polícia Civil, ainda são suspeitas.

Em um dos vídeos, um policial militar, escorado em uma parede para que os frequentadores não pudessem vê-lo com antecedência, distribui golpes nos jovens e sorri. Entre os agredidos, está um deficiente físico, que usava muletas.

Segundo moradores de Paraisópolis e frequentadores dos bailes no bairro ouvidos pela reportagem, o vídeo não mostra um caso de violência policial ocorrido neste fim de semana nem está relacionado ao Baile do DZ7. As imagens seriam do mês de outubro de jovens que estariam no Baile do Bega, outro pancadão que acontece na região.

De acordo com um comerciante local, a repressão policial aos bailes é frequente e truculenta. Com isso, os frequentadores buscam abrigo em qualquer lugar que esteja com as portas abertas, como bares e estacionamentos.

No vídeo em questão, os jovens agredidos pelo PM estavam abrigados em um estacionamento na rua Manoel Antônio Pinto.

A PM informou que as agressões mostradas no vídeo ocorreram no dia 19 de outubro e que o policial flagrado foi afastado dos serviços operacionais.

Os vídeos já estão sob posse das polícias Civil e Militar, além da Corregedoria da PM e da ouvidoria das polícias. Desde o dia da tragédia, vídeos que mostram policiais agredindo frequentadores do baile circulam pelas redes sociais.

"As cenas são escabrosas e mostra a urgência de o governador de São Paulo [João Doria (PSDB)] parar de arrumar desculpas e agir decididamente para evitar que cenas como esta voltem a acontecer. Não podemos achar que isso é isolado. É urgente buscar as causas sistêmicas do problema e enfrentá-las sem meias palavras", afirmou Rafael Alcadipani, professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Para Ariel de Castro Alves, conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), "segundo os moradores que enviaram, são imagens da ação da PM naquele dia. Demonstram a violência policial. Até um jovem com deficiência foi agredido e os policiais se divertem com as agressões e o sofrimento das vítimas".

PMs afastados do serviço operacional

Desde ontem, seis policiais militares do 16º BPM (Batalhão da Polícia Militar) que estiveram envolvidos na operação em Paraisópolis na madrugada de domingo estão afastados do serviço administrativo. Em depoimento prestado à Polícia Civil e à Corregedoria da PM, eles afirmaram que fizeram "uso moderado da força".

Hoje, na TV Globo, Cibele Marsolla, porta-voz da PM, reafirmou que os policiais envolvidos foram "profissionais".

Ontem, Doria defendeu a ação da PM na operação e também defendeu a corporação paulista como um todo. Ele teceu elogiou aos policiais do estado e afirmou que a política de segurança não irá mudar.

Os PMs João Paulo Vecchi Alves Batista, Rodrigo Cardoso da Silva, Antonio Marcos Cruz da Silva, Vinicius José Nahool Lima, Thiago Roger de Lima Martins de Oliveira e Renan Cesar Angelo, que participaram da ação, foram alocados ao serviço administrativo, uma prática comum da corporação paulista quando há suspeitas contra seus servidores.

Segundo a versão dos policiais, eles foram alvo de tiros de um criminoso que estava na garupa de uma moto e que, na fuga, entrou no meio do baile funk. Dizem, também, que, durante a perseguição, houve correria provocada pelos criminosos. Os PMs afirmam que, mesmo alvos de tiros, garrafadas e pedradas, foram eles quem ficaram no local e socorreram as vítimas.

Os policiais, no entanto, não se justificam, em nenhum momento, sobre os vídeos que repercutiram entre domingo e segunda-feira que flagraram PMs afunilando os frequentadores do baile em uma viela e agredindo jovens, já rendidos, com socos, pisadas, chutes e cassetetes.

Frequentadores do baile negaram que tenha ocorrido tiroteio e afirmam que os policiais militares entraram na favela com o objetivo de fazer a dispersão pelo barulho, e não porque havia criminosos fugindo em meio aos jovens.

Vídeo mostra agressões de PM em Paraisópolis

UOL Notícias