Homem é preso suspeito de forjar roubo para sair como herói e reatar com ex
Depois de oito meses de investigação, a Polícia Civil de Alagoas prendeu um homem suspeito de contratar duas pessoas para forjarem um assalto a uma mulher. A intenção seria defendê-la do roubo e sair como herói para reatar o namoro com a garota. Entretanto, o crime acabou ocorrendo de verdade, e o suspeito e sua ex-namorada foram espancados.
O caso ocorreu em maio de 2019, e a verdade só foi veio à tona após a desconfiança da polícia, que pediu a quebra de sigilos telefônicos do ex-namorado e do amigo dele — um motorista de aplicativo que emprestou o carro para a simulação do crime. Os dois foram presos na terça-feira (4) e seguem detidos à disposição da Justiça. O UOL tentou localizar a defesa da dupla presa, mas não obteve resposta.
A mulher relatou à polícia, em maio, que estava na porta de casa com o ex-namorado no bairro da Serraria, em Maceió, quando dois homens a abordaram pedindo água. Ao entrar para buscar a água, os supostos assaltantes renderam o ex-namorado e o levaram para dentro de casa dela.
A vítima relatou que eles estavam armados com um revólver e a agrediram no rosto, deixando a mulher com escoriações. No boletim de ocorrência, ela afirma que foram levados R$ 600, dois computadores, duas mochilas e joias.
Plano frustrado
Segundo o delegado José Carlos André, da delegacia especializada de roubos de Maceió, a história começou a dar errado para o ex-namorado ainda durante a ação de assalto —que acabou ocorrendo de verdade.
A situação ficou ainda mais complicada porque a vítima anotou a placa do carro usado no roubo. "Ela contou que ele ficou insistindo para que a vítima não procurasse a polícia para prestar queixa do roubo", afirmou.
Sem sucesso em convencer a ex de ir à polícia, o suspeito informou ao amigo do que ocorrera e pediu que ele prestasse queixa de roubo do carro horas antes para justificar que o carro tenha sido usado no assalto.
"A reação natural de um motorista de aplicativo seria avisar de imediato, entrar em contato com o proprietário do carro e pedir para rastrear, avisar à polícia. Mas ele disse que o carro foi roubado às 13h30, e só entrou em contato às 19h. Isso chamou a atenção", explicou o delegado.
Por conta disso, a polícia pediu a quebra do sigilo telefônico. Foi então que José Carlos percebeu outro fato questionável: o celular do motorista não havia sido roubado. "Antes e depois do roubo ele continuava sendo usado, a empresa informou que nunca houve resgate de linha. E os dois números que ele mais falou naquele dia eram do ex-namorado da vítima. Ou seja, sabíamos que o motorista havia mentido", informou o delegado.
A partir das novas informações, o ex-namorado prestou outro depoimento em que confessou a mentira e que a ideia do assalto era sair como herói da história e tentar reatar com a ex-namorada.
"Ele disse que não conhecia os dois indivíduos. Ele também é motorista de aplicativo, e afirma que fez uma viagem para um local perigoso e que lá conheceu dois indivíduos e os contratou para o serviço. Ele prometeu dar o seu iPhone para que simulassem o assalto, com uma suposta agressão a ele, e evitando a dela, para sair como herói", contou.
Entretanto, o suspeito admitiu à polícia que a armação não saiu como combinado. "Aí ele disse que perdeu a controle. Eles agrediram ele, como programado, mas ele acabou sendo preso na parte de baixo da residência e os dois passaram a agredir a vítima (ex-namorada) também", relatou José Carlos.
Agora, a polícia tenta identificar quem são os dois indivíduos que praticaram do assalto. Quando isso ocorrer, o inquérito será enviado à Justiça.
O delegado informou ao UOL que, ao fim do inquérito, o ex-namorado será indiciado pelo crime de roubo majorado pela restrição da liberdade, concurso de pessoas e uso de arma de fogo. "Entendemos que, no mínimo, ele agiu com dolo eventual quanto ao crime de roubo", disse.
Quanto ao motorista de aplicativo, que só teria emprestado o veículo, a polícia ainda está esclarecendo se ele sabia ou não do assalto. "Se confirmado, ele responderá como partícipe do crime de roubo; se ele só teve conhecimento após o crime, o levaria a responder por falsidade ideológica em razão do boletim de ocorrência fraudulento que foi realizado", finalizou.
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