Laudo diz que Adriano foi atingido por 2 tiros; polícia analisa escudo
Laudo de necropsia aponta que duas perfurações por arma de fogo foram identificadas no corpo do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, morto no domingo (9) durante operação policial no município de Esplanada, a 171 km de Salvador.
Adriano foi alvejado no tórax e na região entre o pescoço e a clavícula, segundo informou na tarde de hoje a SSP-BA (Secretaria de Segurança Pública da Bahia). A causa do óbito foi descrita como anemia aguda.
"Os resultados dos outros laudos, assim que finalizados, serão entregues ao Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), que apura o caso", disse Élson Jeffesson, diretor do DPT (Departamento de Polícia Técnica) da Bahia.
Escudo do Bope danificado
De acordo com a SSP, o DPT também analisa um escudo do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) baiano que teria sido danificado durante a operação que culminou na morte de Adriano. Os PMs relataram em depoimento que o escudo evitou que dois disparos de arma de fogo os atingissem.
O ex-PM é apontado como o chefe do Escritório do Crime, grupo paramilitar que comanda a comunidade do Rio das Pedras, na zona oeste da capital fluminense. A milícia é investigada por ligação com os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes.
A perícia da Coordenação de Engenharia Legal vai relatar que tipo de artefato atingiu o equipamento de proteção.
"Olhando preliminarmente enxergamos duas marcas provenientes de impactos relevantes. As equipes agora analisarão se existem fragmentos de chumbo ou cobre, presentes em projéteis", explicou Élson Jeffesson.
Apontado como segurança de Adriano, fazendeiro é solto
Suspeito de atuar como segurança de Adriano às vésperas de o ex-capitão ser morto, o fazendeiro Leandro Abreu Guimarães foi solto hoje, um dia após o TJ-BA (Tribunal de Justiça da Bahia) lhe conceder liberdade provisória.
Leandro precisou pagar R$ 3 mil e terá de usar tornozeleira eletrônica. O alvará de soltura foi assinado pelo juiz Augusto Yuzo Joutim, que atendeu a um pedido da defesa do fazendeiro.
O promotor de Justiça Dário José Kist havia solicitado ao magistrado que convertesse a prisão em flagrante do empresário em prisão preventiva. No entendimento do promotor, Leandro possivelmente tinha conhecimento de quem era Adriano e sabia de sua associação com a atividade criminosa.
O magistrado, por sua vez, afirmou não haver gravidade concreta que justifique a prisão preventiva de Leandro.
"Apesar de ter sido preso nas circunstâncias do cumprimento do mandado de busca e apreensão pela Justiça do Rio de Janeiro, que culminou na morte de Adriano Magalhães da Nóbrega, não vislumbro manifestamente os crimes de favorecimento pessoal, associação criminosa, lavagem de dinheiro num esquema criminoso amplo e que deita raízes e configura ramificação dos fatos investigados no Estado do Rio de Janeiro e que foram a causa dos mandados judiciais antes mencionados", escreveu Dário José Kist em sua decisão.
"É prematuro afirmá-los sem prévia investigação. Pelo contrário, o autuado [Leandro] e sua esposa relataram terem sido ameaçados por Adriano", afirmou o juiz.
Em depoimento, o fazendeiro contou ter sido obrigado por Adriano a levá-lo para a chácara onde o miliciano foi localizado pela polícia. A propriedade é do vereador Gilsinho de Dedé (PSL), que disse nunca tê-lo visto. O político afirma que o imóvel foi invadido pelo ex-policial.
Leandro estava preso no Draco desde o dia da operação realizada pelas forças de segurança da Bahia, em colaboração coma Polícia Civil do Rio de Janeiro. Leandro é acusado de porte ilegal de armas, já que naquela ocasião foi encontrado com duas espingardas e um revólver não registrados.
Sua possível ligação com Adriano e a suspeita de que ambos lavavam dinheiro com compras de animais e terras também são apuradas. Leandro é dono da fazenda e parque de vaquejada Gilton Guimarães, utilizado como penúltimo esconderijo do miliciano.
À polícia, ele contou que Adriano chegou à região de Esplanada no fim do ano passado em busca de fazendas para comprar. Afirmou que os dois já se conheciam do circuito de vaquejadas em cidades do Nordeste.
O fazendeiro, porém, contou em depoimento que só o conhecia como criador de cavalos e negou que soubesse se tratar de um foragido da Justiça e envolvido com crimes.
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