Apontado como substituto de Marcola está em estado gravíssimo com covid-19
Décio Gouveia Luiz, 53, o Décio Português ou Decinho, apontado por investigadores como o substituto de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, no comando do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, está entubado, em estado de saúde gravíssimo, na Santa Casa de Presidente Venceslau, no interior paulista.
O estado de saúde de integrantes da cúpula da facção criminosa é visto por autoridades estaduais e federais com cautela, uma vez que as condições daqueles que estão presos podem surtir efeito em ações do grupo criminoso nas ruas do estado e do país. Setores de inteligência já monitoram possíveis movimentações nesse sentido.
Décio Português foi preso em agosto do ano passado em uma casa de luxo em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Advogados dele pediram à Justiça a prisão domiciliar do preso porque ele é de grupo de risco de covid-19, já que é portador de diabetes, hepatite, hipertensão, problemas cardíacos, trombose e câncer de pele.
A Justiça ainda não analisou o caso, mas pediu informações sobre o quadro clínico de Décio Português à SAP (Secretaria da Administração Penitenciária).
A pasta informou, por meio de relatório médico, que o preso vem recebendo tratamento médico adequado desde que chegou à unidade, em 28 de agosto de 2019.
O outro detento da penitenciária 2 de Presidente Venceslau internado por suspeita de covid-19 é conhecido como Marcinho. Ele estava recolhido no pavilhão 1 da unidade prisional, o mesmo de Décio, destinado aos presos considerados de alta periculosidade.
Quem é Décio Português
Décio Português já ficou preso com Marcola e era visto como seu "braço direito" na zona leste de São Paulo. A região é tida como importante para o PCC, por abrigar chefes da facção e por ter grandes bairros lucrativos na venda de drogas.
Investigação da Promotoria, por exemplo, identificou que a facção lucrava cerca de R$ 3 milhões por mês em 35 locais de venda de drogas da região.
O criminoso foi alvo de escutas telefônicas feitas pela Polícia Civil, mas nada foi encontrado, porque utilizava apenas mensagens criptografadas para se comunicar.
Policiais também o acompanharam e documentaram seus passos, com fotografias em locais como um bar e um campo de futebol de várzea antes de ser preso no ano passado.
Ao notar que era observado, Décio Português saiu de São Paulo. Foi para o Rio de Janeiro, onde passou a usar o nome falso de Lucas de Souza Oliveira e ter grande cobertura de segurança da cúpula do PCC.
Em 14 de agosto, foi preso. No celular dele havia uma foto com o brasão do cartel mexicano de Sinaloa, criado na década de 1980 por Joaquín Guzmán Loera, o El Chapo.
Segundo a Promotoria, essa foi a primeira ligação do PCC com o cartel mexicano já registrada. A facção paulista, que está em processo de cartelização, já tem ligações bem definidas com a máfia italiana 'Ndrangheta. Para se tornar cartel, investigadores dizem que falta apenas lavagem de dinheiro refinada à facção.
Ouça também o podcast Ficha Criminal, com as histórias dos criminosos que marcaram época no Brasil. Esse e outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e outras plataformas de áudio.
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