DF: Padrasto de estudante picado por naja transportou cobras, diz polícia
Um vídeo obtido pela Polícia Civil do Distrito Federal mostra o momento em que o padrasto do estudante de veterinária Pedro Henrique Krambeck, de 22 anos, picado por uma cobra naja no início de julho, entra no elevador do prédio onde a família mora com um carrinho de supermercado com cobras armazenadas em caixas. Entre as serpentes estaria a própria naja, segundo a polícia.
As gravações, feitas pela câmera do elevador um dia depois do acidente com a naja no apartamento, por volta das 13h, foram anexadas ao inquérito concluído na semana passada que investiga o envolvimento de Krambeck em um esquema de tráfico de animais exóticos em Brasília. A polícia não disponibilizou o vídeo para divulgação.
Nas imagens, o padrasto de Krambeck, Clovis Eduardo Condi, que é coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, entra no elevador acompanhado de outras duas pessoas: o filho dele e um amigo do enteado, Gabriel Ribeiro. Condi empurra um carrinho cheio de caixas cobertas por um pano vermelho, e cada um dos meninos leva também uma caixa na mão com cobras dentro.
O elevador para em um andar antes de chegar ao destino final, e um vizinho percebe que não há espaço para ele e desiste. Condi demonstra ansiedade e olha para as câmeras mais de uma vez.
Segundo o delegado William Ricardo, responsável pelo inquérito, em uma das caixas havia camundongos, que serviriam de alimento para as cobras. Ele acredita que naquele momento o objetivo do padrasto era "dar um sumiço" nos animais para despistar a polícia, já que o caso da picada da naja estava ganhando repercussão na imprensa.
Naja foi encontrada perto de shopping
No mesmo dia, mais tarde, a Polícia Militar encontrou a cobra naja perto de um shopping do Distrito Federal, dentro de uma caixa muito semelhante à que aparece no vídeo do elevador. As demais caixas foram descobertas no dia seguinte em um haras em Planaltina, cidade a 35 km de Brasília. Lá havia 16 cobras.
A gravação no elevador foi anexada ao inquérito, que está agora nas mãos do Ministério Público. Ao todo, 11 pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil na semana passada, entre eles o padrasto, que vai responder por tráfico de animais silvestres, maus-tratos, fraude processual, associação criminosa, corrupção de menores e ainda pelo fato de dificultar ação fiscalizatória do Ibama, multiplicado por 22, uma para cada animal apreendido.
Segundo as investigações, a família chegou a ter 22 cobras ao mesmo tempo dentro de seu apartamento, no Guará (Distrito Federal). Na área de serviço eles criavam também os camundongos que serviam de alimento para as serpentes.
Em troca de mensagens, a polícia identificou que o estudante de veterinária traficava cobras exóticas desde 2017. A naja foi comprada por cerca de R$ 6.000 e o jovem tentou comprar outros exemplares da espécie para reproduzi-la e vender. A polícia sugere inclusive que podem haver mais najas em Brasília, já que o estudante não revelou se chegou a fechar o negócio. Ele também não revelou de quem comprou a serpente exótica. A rede de traficantes envolvia amigos e até uma professora da faculdade de veterinária do estudante.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar disse que as investigações da Polícia Civil do Distrito Federal não estão no rol das atribuições institucionais da PMDF. O UOL tentou contato com os advogados da família, mas eles não atenderam.
O advogado de Gabriel Ribeiro informou que havia apenas uma cobra sendo transportada naquele dia no elevador, apesar de todas as caixas que aparecem nas imagens. E disse que a naja foi retirada do apartamento dia anterior, 7 de julho, data em que Pedro Henrique Krambeck foi picado.
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