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MP denuncia 29 guardas por facilitar fuga de 76 membros do PCC no Paraguai

Agentes penitenciários na entrada do presídio regional de Pedro Juan Caballero, no Paraguai - 22.jan.2020 - Gabriel Stargardter/Reuters
Agentes penitenciários na entrada do presídio regional de Pedro Juan Caballero, no Paraguai Imagem: 22.jan.2020 - Gabriel Stargardter/Reuters

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

28/03/2021 09h58

O Ministério Público da República do Paraguai ofereceu ontem denúncia contra 29 carcereiros que teriam facilitado, em janeiro do ano passado, a fuga orquestrada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) de 76 detentos do presídio de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com o Mato Grosso do Sul. Ao todo, 75 conseguiram fugir, outro foi recapturado no momento da fuga.

Os promotores Federico Delfino, Irene Álvarez e Juan Olmedo afirmam na denúncia que os 29 detentos ajudaram na liberação, prejudicaram a perseguição policial e se associaram criminalmente ao bando ao ajudá-los a fugir da prisão. Os promotores solicitaram a sustentação oral dos denunciados.

Em entrevista ao UOL, em fevereiro do ano passado, ou seja, um mês após a fuga, um guarda do presídio, que não havia presenciado a ação porque estava lotado em outra unidade prisional em janeiro, relatou que havia naquela região seguidas ameaças contra carcereiros feitas por presos brasileiros.

O carcereiro relatou que, normalmente, os brasileiros detidos na fronteira costumam corromper os agentes oferecendo dois caminhos a ser seguidos: Ou o agente colabora com o crime organizado, facilitando o que é pedido e recebendo dinheiro por isso, ou o agente tem a sua vida e a vida da sua família em risco.

O MP divulgou a lista com os nomes dos acusados agentes acusados. Todos eles negam a associação criminosa. São eles:

  • Christian Rolando González Morel;
  • Luis Miguel González Larrea;
  • Tadeo David Cristaldo Florentín;
  • Arnaldo Matias Báez Torrez;
  • Concepción Fernández Arguello;
  • Alcides Villalba Arévalos;
  • Justino Rolón Cantero;
  • Rosalino Ocampos Diana;
  • Robert Daniel Quevedo Añasco;
  • Antonio Salinas Duarte;
  • Adán Adriano Aquino Céspedes;
  • Domingo Antonio Zaracho Martínez;
  • Eligio Benítez Ortellado;
  • Francisco Javier Estigarribia Villalba;
  • Marcelino Ferreira Rodríguez;
  • Carlos Alberto Ortellado Morel;
  • Evert Ramón Castro Ferreira;
  • Pablo Alcides González Ayala;
  • Ramón Amarilla Escobar;
  • Héctor Cándido Florenciano Martínez;
  • Nelson Ramón Pereira Ávalos;
  • Nelson Rafael Zárate Amarilla;
  • Cristian Roberto Pedra Cabañas;
  • Alcides Ramírez González;
  • Óscar Antonio Ferreira Martínez;
  • Sergio Toledo Venialgo;
  • Gabriel Vicente Garcete Zorrilla;
  • Ricardo Arévalos Santander;
  • Jonatan Brito Alves.

Guardas em liberdade

Em agosto do ano passado, o ex-diretor do presídio, Cristian González, e o ex-chefe de segurança da unidade, Arnaldo Matias Báez Torrez, foram colocados em liberdade por decisão judicial que analisou o estado de saúde dos dois. Uma semana depois, todos os demais foram colocados em liberdade.

De acordo com policiais nacionais do Paraguai, o custo da fuga estava estimado em US$ 1,5 milhão (mais de R$ 6 milhões), subdividido entre a propina que teria sido paga pelo PCC a agentes penitenciários e valores gastos com a logística da fuga — escavação de um túnel e o transporte para saída da região.

A fuga

Ao todo, conseguiram fugir 40 brasileiros e 35 paraguaios. Um 36º paraguaio que tentou fugir foi pego dentro do túnel cavado pelos presidiários que ligava uma das celas até o lado de fora do presídio. A saída desse túnel, que, segundo os promotores, foi feito como disfarce, desembocava debaixo de uma guarita da muralha, entre dois postos de segurança.

Segundo a promotoria local, a maior parte dos brasileiros fugitivos não saiu pelo túnel. Saiu pela porta da frente da prisão. Parte dos paraguaios passaram pelo túnel e, quando saíram, não deixaram a cidade de Pedro Juan Caballero. A estratégia do PCC era que, com esforços dedicados na região do presídio, os policiais perderiam tempo capturando os paraguaios que não tinham para onde ir.

Apesar de volta para a prisão, os paraguaios, pela dedicação ao plano dos brasileiros, se batizaram na facção e passaram a receber apoios financeiro e jurídico.