Uma das vítimas é Pedro Donato de Sant'ana, 25, que, segundo a família, foi executado pelos policiais.
"Ele estava lá na hora errada. Tentou se render, mas os policiais não quiseram. [Os policiais] mataram porque eles foram para matar, não foram para prender ninguém", lamentou a mãe de Pedro, que preferiu não se identificar.
A família diz que Pedro morava no Morro da Providência, no centro do Rio, e que não tinha nenhum envolvimento com o tráfico local. Ele estaria na comunidade na casa da namorada. O jovem deixou dois filhos, um menino de três anos e uma menina de seis meses.
A mãe de Pedro diz que o corpo do filho já foi levado sem vida ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, e deu entrada no IML apenas na tarde de ontem. O enterro dele será hoje à tarde, no Cemitério do Caju, na zona norte.
"Minha sobrinha foi ao Souza Aguiar e reconheceu o corpo. Eu não vi, porque não vou ver", disse a mãe, que é moradora do Morro da Mangueira, na zona norte.
A mãe de Raí Barreiro de Araújo, 18, fez uma camisa para homenagear o filho e Pedro, que seria seu amigo. De acordo com ela, os dois foram mortos juntos dentro de uma casa.
"Eles correram para se esconder, porque a polícia entrou e eles estavam com medo. Eles não estavam armados, porque não eram bandidos. [Os policiais] não pediram identidade, não perguntaram se eles trabalhavam", diz ela, que também preferiu não se identificar.
A mãe diz que Raí e o amigo moravam na Providência e foram ao Jacarezinho para comprar drogas. O enterro dos dois também será na tarde de hoje, no Cemitério do Caju.
A família de Jhonatan Araujo da Silva, 18, era outra que tentava a liberação do corpo do rapaz hoje no IML. Os parentes do jovem dizem que ele foi morto a facadas e ficou com marcas de perfurações no braço e na barriga.
"Falaram para a mãe dele que ele estaria preso. Fomos à Cidade da Polícia duas vezes e a presença dele não constou em nenhuma delegacia", conta uma tia.
Os familiares afirmam que Jonathan também não era ligado ao tráfico de drogas do Jacarezinho e que iria de alistar nas Forças Armadas. De acordo com eles, o rapaz fazia bicos como entregador de compras.
"Ele estava indo para a casa da namorada. Na hora daquele desespero, todo mundo corre. Ele tentou se abrigar dos tiros. Tinha acabado de completar 18 anos, ia se alistar", diz a tia.
O corpo de Jhonatan será enterrado na tarde de hoje no Cemitério de Inhaúma.
"Deito para dormir e acordo pensando que é mentira. Isso está mexendo com minha estrutura. Sou hipertensa", relata a tia.
Operação no Jacarezinho (RJ) deixa dezenas de mortos
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Fuga
Homens pulam entre casas durante operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. A ação deixou dezenas de mortos
Grande apreensão de armas, drogas e munição é levada para a Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira. A apreensão é resultado da operação realizada na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. A ação policial na favela do Jacarezinho deixou dezenas de mortos na manhã de hoje.
Policial durante a operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas no Jacarezinho, nesta quinta feira; um policial civil que participava da operação, chamado André Leonardo de Mello Frias, morreu após ser atingido na cabeça
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Buracos na parede da comunidade do Jacarezinho nesta quinta feira (06) após operação policial contra o tráfico de drogas na região
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Policial durante operação contra o tráfico na comunidade do Jacarezinho, no Rio, que deixou dezenas de mortos
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Medo
Pessoa aparentemente em situação de rua tenta se proteger durante a operação da Polícia Civil no Jacarezinho, que deixou dezenas de mortos e feriu passageiros que estavam em composições do metrô da cidade
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Armamento pesado
Policiais utilizam armamento pesado durante operação da Polícia Civil no Jacarezinho, nesta quinta feira, que culminou na morte de dezenas de pessoas
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Desespero
Mãe e familiares de um dos homens mortos na operação no Jacarezinho em desespero e chorando em frente a emergência de um hospital no RJ; operação deixou dezenas de mortos
O governador Cláudio Castro (PSC) defendeu a operação, dizendo que "a reação dos bandidos foi a mais brutal registrada nos últimos tempos".
Mais de 48 horas depois da ação, a Polícia Civil ainda não divulgou a identidade dos mortos. A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro) compilou os nomes e as idades de algumas vítimas.
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