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Gatinha da Cracolândia: Prefeitura de SP interdita hotel usado pelo tráfico

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

29/07/2021 17h44Atualizada em 29/07/2021 22h10

A Prefeitura de São Paulo interditou na manhã de hoje o hotel usado por Lorraine Bauer Romeiro, de 19 anos, que ficou conhecida como a "gatinha da Cracolândia", para ocultar drogas na região central de São Paulo.

Presa há uma semana sob a acusação de envolvimento com o tráfico, Lorraine lucrava cerca de R$ 6 mil por dia segundo investigação da Polícia Civil. O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) converteu a prisão em flagrante em preventiva. A reportagem do UOL não localizou a defesa de Lorraine. Se enviado um posicionamento, ele será publicado.

Segundo a Prefeitura de São Paulo, o hotel não possui alvará de funcionamento "tratando-se de estabelecimento em condição de higiene precária, com estrutura inadequada para habitação ou hospedagem", sem camas e apenas com colchões jogados no chão dos quartos.

A administração municipal constatou ainda que o local era usado para receber traficantes em busca de refúgio na região. Em operação conduzida por agentes do 77º Distrito Policial na semana passada, foram encontrados usuários de drogas e objetos de origem ilícita.

Movimentação do tráfico

As imagens no inquérito da Operação Caronte, da Polícia Civil, mostram Lorraine na tenda ao lado do companheiro André Luiz Santos de Almeida, 18, preso há um mês sob a suspeita de integrar o tráfico pelas ruas de São Paulo.

Lorraine Cutier Bauer Romeiro, 19, confessou envolvimento com o tráfico em depoimento à polícia - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Lorraine Cutier Bauer Romeiro, 19, confessou envolvimento com o tráfico em depoimento à polícia
Imagem: Reprodução/Instagram

"Os traficantes se movem com as tendas e mesas quando a Guarda Municipal faz a 'limpeza'. Mas conseguem manter a mesma posição, como se fossem vagões de um trem", afirma o delegado Roberto Monteiro, da Seccional Centro.

Segundo a Polícia Civil, Lorraine era a responsável pela administração de uma das cerca de 30 tendas que se movem diariamente entre usuários de drogas da Cracolândia. A atuação de cerca de cem pessoas ligadas ao tráfico local, responsável por uma movimentação financeira de R$ 16 milhões por mês, está sendo investigada.

A jovem ficou conhecida na internet pelas fotos produzidas em uma conta com quase 60 mil seguidores no Instagram. Reativado após ficar fora do ar no dia em que Lorraine foi presa, o perfil ganhou milhares de seguidores nos últimos dias.

Motorista de aplicativo preso

A Polícia Civil prendeu ontem (28) um motorista de aplicativo suspeito de transportar drogas para a região, em desdobramento da Operação Caronte, que resultou na prisão de Lorraine.

Segundo as investigações, Augusto de Oliveira Brasil Neto, de 30 anos, conciliava o trabalho como motorista de aplicativo com transportes a serviço do crime organizado. Os agentes cumpriram mandado de prisão temporária por associação para o tráfico na residência do suspeito, que mora no Jardim Fontelis, na zona norte de São Paulo. Os investigadores também apreenderam o veículo dele, um HB-20 branco.

Na delegacia, ele não falou com a reportagem. O UOL não localizou os representantes do motorista para que ele pudesse apresentar a sua versão.