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Mulher expulsa homem do ônibus após assédio sexual, no Rio de Janeiro

Mariana, de 21 anos, gravou vídeo ao perceber gestos estranhos de homem em ônibus - Reprodução/Redes Sociais
Mariana, de 21 anos, gravou vídeo ao perceber gestos estranhos de homem em ônibus Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

13/08/2021 20h26Atualizada em 13/08/2021 20h26

Uma jovem de 21 anos sofreu assédio sexual dentro de um ônibus a caminho de casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio, e o compartilhamento da experiência já atingiu mais de 800 mil pessoas até hoje. O caso foi registrado há uma semana, quando a vendedora de shopping Mariana Muharre tinha acabado de sair do trabalho, na última sexta-feira (6), na zona sul, por volta das 17h30. Ela acabou denunciando e expulsando do coletivo um homem que se sentou perto dela e começou a se masturbar.

A mulher percebeu a ação cerca de 15 minutos depois de entrar no veículo, logo após o homem se sentar, com uma pasta posicionada na perna direita, sustentada com o braço rígido e sempre colocando e tirando a mão da bermuda durante todo o trajeto. Ela suspeitou da ação e fingiu dormir, até que, pelo reflexo da janela, conseguiu ver que o homem estava com o pênis para fora, se masturbando. Foi então que ela pegou o celular, começou a filmar a situação e decidiu expulsar o assediador do coletivo.

O vídeo, postado há três dias nas redes sociais, já possui quase de 800 mil visualizações. O UOL teve acesso ao conteúdo, mas não vai reproduzi-lo uma vez que pode despertar fortes reações em alguns leitores. Através do compartilhamento, Mariana descobriu que outras mulheres já teriam sido assediadas pelo homem, na mesma linha de ônibus. Após a orientação da família e de amigos próximos, ela decidiu prestar queixa na delegacia.

Em entrevista ao UOL, Mariana Muharre contou que o homem aparentava ter 60 anos e começou a levantar suspeita porque, a cada movimento que ela fazia para olhar o celular ou se ajustar no banco, ele também tinha uma reação e fazia um movimento rápido.

A mesma cena se repetiu durante os 40 minutos que ele ficou sentado, até que ela decidiu fazer um teste: "Eu pensei o seguinte: 'vou fingir que estou cochilando e quando acordar, vou ver como ele reage'. Fiz isso três vezes, cochilava e despertava, pegava o celular de forma mais brusca pra responder uma mensagem. Toda vez que eu fiz isso ele ficava meio assustado, fazia um movimento rápido e tirava a mão. Foi assim que eu tive certeza, ele só estava esperando eu dormir. Quando eu olhei novamente pelo reflexo, vi que ele estava com o pênis pra fora e mexendo, como se estivesse se masturbando", disse a jovem.

Ela conta que, ao contrário da mãe, que já compartilhou relatos de assédio enquanto andava de bicicleta na região do Recreio, onde a família vive, essa foi sua primeira experiência real diante do assédio sexual explícito. Por isso, disse ter se surpreendido com ela mesma pela reação que exibiu após ter certeza do que acontecia naquele momento.

"As pessoas falam que queriam ter a minha coragem, mas eu não me considero uma pessoa corajosa, foi questão de momento. Quando eu tive a certeza, minha reação foi falar todos os palavrões que eu nunca falei na minha vida. Sempre fui uma pessoa muito calma, não me reconheci quando assisti ao vídeo depois", contou a vendedora.

Na hora em que jovem começou a xingar e a expulsar o assediador do ônibus, em momento nenhum ele negou. No vídeo, quando Mariana e outras passageiras falam para o motorista abrir a porta, o homem diz pede para o motorista abrir porque ele está passando mal: "Acho que ele ficou com medo de mim. O motorista custou para abrir a porta até que ele fala que está passando mal, mas ele não estava. Só sentiu a necessidade de uma desculpa para sair daquele local".

A jovem conta que o seu maior sentimento foi de raiva e indignação, mas após o homem sair do ônibus, ela começou a se sentir angustiada, esperando que alguém no coletivo fosse prestar solidariedade, o que não aconteceu: "Eu achei que alguém fosse me amparar, perguntar o que de fato aconteceu, se eu estava bem, mas ninguém veio falar comigo, me acolher. Parecia que eu estava sozinha em um ônibus cheio de gente. Comecei a duvidar de mim mesma, parecia até que eu tinha exagerado, mas depois eu refleti melhor e vi que aquela minha atitude foi pouco em relação ao que ele merece", desabafou Mariana.

A mãe, o irmão e toda a família da jovem prestaram apoio, ficaram orgulhosos da atitude dela e a incentivaram a compartilhar o vídeo e fazer a denúncia na delegacia: "Pelos comentários, parece que ele é reincidente e já fez isso outras vezes no ônibus. Fui orientada pelo meu tio a fazer um boletim de ocorrência e levar esse caso para frente. Pode ser que ele tenha algum registro e isso já vai contar muito", disse a vendedora.

Até o fechamento desta reportagem, ainda não havia confirmação de identidade do suspeito do crime junto à Polícia Civil.