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Capitólio (MG): o que se sabe até agora e o que é dúvida sobre o acidente

Do UOL, em São Paulo

08/01/2022 22h18Atualizada em 10/01/2022 14h19

Um bloco de rocha se soltou do paredão em um cânion e atingiu quatro embarcações no sábado (8), em Capitólio, cidade turística localizada a cerca de 300 km de Belo Horizonte (MG), matando dez pessoas no local. A imagem do desabamento foi filmada por turistas que estavam em outras lanchas.

No sábado, as autoridades chegaram a informar que havia 20 desaparecidos, mas afirmaram que, ao longo do dia, foi possível fazer o contato com outras dez vítimas. Não há desaparecidos.

As buscas continuam por restos mortais e objetos que possam auxiliar na investigação das causas da tragédia.

A seguir, o UOL lista o que se sabe sobre o acidente em Capitólio e o que ainda é dúvida.

Qual foi o horário do desabamento?

Segundo a corporação, as primeiras informações sobre o desabamento no paredão em Capitólio começaram a chegar às 12h30. Não se sabe ainda quanto tempo levou para o socorro acessar o local. Alguns feridos foram retirados da água pelas lanchas que estavam na região.

Quantos mortos, feridos e desaparecidos?

Os bombeiros confirmam que há dez mortos na tragédia. Eles são de MG e SP.

Algumas vítimas foram reconhecidas de forma preliminar por familiares, a partir de tatuagens e objetos pessoais, como anéis. A identificação oficial será feita após análise de DNA. Não há mais desaparecidos.

Quem são as vítimas?

As autoridades confirmaram a identidade das 10 vítimas:

  • Júlio Borges Antunes, 68, de Alpinópolis (MG);
  • Camila Silva Machado, 18, de Paulínia (SP);
  • Mykon Douglas de Osti, 24 anos, de Campinas (SP);
  • Sebastião Teixeira da Silva, 64, de Anhumas (SP);
  • Marlene Augusta Teixeira da Silva, 57, de Itaú de Minas (MG), mulher de Sebastião;
  • Geovany Teixeira da Silva, 37 anos, natural de Itaú de Minas (MG), filho de Marlene e Sebastião;
  • Geovany Gabriel Oliveira da Silva, 14 anos, natural de Alfenas (MG), filho de Geovany Teixeira;
  • Thiago Teixeira da Silva Nascimento, 35 anos, nascido em Passos (MG);
  • Rodrigo Alves dos Anjos, 40 anos, piloto da lancha, 40, Betim (MG),
  • Carmen Pinheiro da Silva, 41, mãe de Camila.

Qual a situação dos feridos?

Até a noite deste domingo, 30 feridos já haviam sido atendidos em hospitais da região e liberados, sendo:

  • 23 na Santa Casa de Capitólio;
  • Quatro na Santa Casa de São José da Barra;
  • Três na Santa Casa de Piumhi;
  • Um na Santa Casa de Passos.

Um segue hospitalizado em Passos, com quadro de saúde estável.

Quantas embarcações foram atingidas? Número de vítimas socorridas? Lanchas afundaram?

As autoridades afirmam que quatro embarcações foram atingidas, direta ou indiretamente, pela queda da rocha. São elas:

  • Lancha EDL: 14 pessoas foram resgatadas com vida;
  • Lancha Jesus: oito dos dez ocupantes morreram. É provável que os demais sejam as duas vítimas restantes, mas o trabalho de identificação ainda está sendo feito, segundo a Polícia Civil;
  • Lancha vermelha, sem identificação: 10 pessoas socorridas com vida,
  • Nova Mãe: nove pessoas socorridas com vida.
Pelo menos uma embarcação foi atingida diretamente pela rocha, e afundou.

Quantas pessoas estavam no local? As embarcações podiam estar naquele lugar?

As autoridades estimam que de 70 a 100 pessoas estavam no local no momento da tragédia. A Defesa Civil de Minas Gerais havia emitido um alerta para chuvas intensas na região com possibilidade de "cabeça d'água" — não se sabe se existe alguma norma que proíba a entrada de turistas nessa situação.

O que provocou o desabamento?

Peritos criminais da Polícia Civil foram até o local do desabamento para identificar os danos e as causas do acidente. Ainda não foram divulgadas informações oficiais se as chuvas fortes e a possibilidade de ocorrências de "cabeça d'água" possam ter causado o desmoronamento.

Quando as buscas serão encerradas?

Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de MG, ainda não há previsão. "Devido ao impacto da colisão, a gente já fez a recuperação destes corpos, com todas as partes, mas algumas pessoas que foram atingidas mais diretamente por essa rocha deixaram segmentos corpóreos. [As buscas serão encerradas] Só depois de fazer as recuperações desses segmentos e também de indícios, de embarcações e objetos, que são importantes para a investigação", afirmou.

Quem é o responsável pela segurança do local?

Ainda não está claro de quem é a responsabilidade pela segurança do local, que recebe milhares de turistas do Brasil inteiro.

Inicialmente, a Marinha tinha informado que iria investigar por que os passeios foram mantidos mesmo após os alertas de fortes chuvas. Mais tarde, a própria Marinha divulgou nota dizendo que "o ordenamento do espaço aquaviário onde ocorreu o acidente está sob a jurisdição da Prefeitura de Capitólio".

Giuvane Moraes, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, afirmou em entrevista à CNN que o órgão responsável por fiscalizar e fazer as regras serem cumpridas é a Marinha.

Nesse domingo (9), o prefeito de Capitólio (MG), Cristiano Geraldo da Silva, admitiu que um estudo de análise de risco geológico nunca foi feito no local onde ocorreu o desabamento do paredão de rocha.

"Então, até o momento, não [nunca foi debatida a análise de risco geológico]. Eu acredito, assim, que para a gente olhar dentro de uma tragédia e fazer um questionamento desse não seria virtuoso. Daqui para frente, sim, a gente precisa fazer uma análise dessa. Porque, isso daí... ah, foi uma falha de quem explora o turismo? Acredito que não", afirmou em entrevista à imprensa.

"Nós temos uma lei, no município, que regimenta o funcionamento nos cânions, a permanência de lanchas, as pessoas nadarem ali... A Marinha tem as suas legislações que regulamenta o ordenamento costeiro. Então, todos esses pontos já estão sendo trabalhados pela Marinha em relação ao ordenamento", acrescentou, em seguida.

O especialista em gerenciamento de risco Gustavo Cunha contestou a fala do prefeito e disse que a região deveria ter, sim, um plano de emergência.

"Quem fiscaliza? Como essa notícia chega até os marinheiros, aos proprietários das lanchas? Esse tipo de comunicação na gestão de riscos é fundamental. Não basta você fazer um planejamento ou um mapeamento de risco que fica engavetado, que não chega a quem interessa. Em segundo lugar: a fiscalização. Quem vai lá fiscalizar se tal número de barcos é adequado; se tem um excesso de pessoas no local ou nos barcos. Tudo isso tem que ser feito. A coletividade deveria ter um plano de emergência", afirmou em entrevista à GloboNews.