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Pessoas visitam locais como Capitólio sem noção dos riscos, diz geólogo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/01/2022 19h09

Turistas e até mesmo moradores visitam parques geológicos nacionais como o de Capitólio (MG) sem terem plena noção dos riscos de acidentes que podem ocorrer nesses locais, alerta o geólogo Eduardo Marques, da UFV (Universidade Federal de Viçosa).

Em entrevista ao UOL News, o especialista criticou a falta de política nacional para o mapeamento dos patrimônios geoturísticos brasileiros. Segundo ele, as iniciativas existentes são independentes e sem apoio de órgãos públicos. No sábado (8), uma rocha se desprendeu de um paredão e caiu sobre lanchas com turistas, deixando dez mortos e mais de 30 feridos na cidade mineira.

"A gente precisa dar à população que frequenta esses locais uma percepção do risco ao qual ela está sujeita. Essas pessoas frequentam esses locais e, muitas vezes, não têm noção do risco", disse Marques.

De acordo com o geólogo, imagens evidenciam diversos blocos localizados no pé dos taludes (paredões rochosos verticais) nos cânions de Capitólio. "Isso é um sinal claro de que já ocorreu essa queda de bloco, mas provavelmente não nessa magnitude", explicou.

Mapear formações geológicas turísticas do país pode ajudar na prevenção de acidentes, inclusive ao fornecer a percepção de riscos para os turistas, afirmou Marques.

"Temos um patrimônio geoturístico bastante importante no Brasil e todas essas regiões estão sujeitas a esse tipo de processo [de erosão]. Por conta disso, a gente deveria realizar nesses locais um mapeamento geotécnico para identificar quais são os processos que poderiam ocorrer nesses locais e, com base nisso, propormos uma solução de engenharia, se for o caso, ou, eventualmente, uma solução de sinalização, por exemplo."