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Por que chove tanto em Minas? Fenômeno que aconteceu na Bahia é explicação

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

11/01/2022 04h00Atualizada em 11/01/2022 13h39

A concentração de chuva em Minas Gerais neste momento é reflexo da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), um fenômeno que tem por característica provocar chuvas fortes por ao menos quatro dias consecutivos com acentuado volume.

Foi o que aconteceu no sul da Bahia no final de dezembro e o que se passa agora em partes de Minas, onde a zona encontra-se "estacionada" no momento. Ao menos 145 cidades mineiras estão em situação de emergência por causa das chuvas.

"Esse fenômeno é comum ocorrer no período de primavera-verão", explica o meteorologista Claudemir de Azevedo, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A ZCAS, segundo ele, leva uma "banda de nebulosidade" para as regiões Nordeste e Sudeste do país.

"Ela fica ancorada, com pouco deslocamento. E, consequentemente, provocando chuvas consecutivas." A mais recente ZCAS se formou no último dia 6, segundo Azevedo. "E ainda perdura. Ainda está atuante."

Segundo o meteorologista, desde a primavera, "esse sistema meteorológico está bastante atuante". "Para se ter ideia, no mês de dezembro, tivemos três episódios de ZCAS, que culminaram com aquele desastre no sul da Bahia, norte de Minas Gerais, Tocantins e Vale do Jequitinhonha."

Neste momento, em que também há o fenômeno "La Niña", a ocorrência desses eventos é ainda mais comum.

Na ausência do fenômeno das zonas de convergência, diz Azevedo, tem-se a seca. "Na presença dele, temos enchentes, causando volumes significativos, o que já ocasionou, no passado, desastres."

A ocorrência de chuva no Sudeste, nesta época do ano, já é algo esperado, de acordo com o meteorologista. No Vale do Jequitinhonha, por exemplo, a média anual é de 850 milímetros de chuva —só em dezembro de 2021 choveu 707 milímetros.

Em Capitólio, o acumulado de chuva apenas neste início de ano, foi de 194 milímetros. A média histórica para a região em janeiro é de cerca de 300 milímetros, segundo Azevedo. "E a previsão para os próximos dias ainda é de chuva lá, pelo menos até quarta-feira."

Além da região de Capitólio, no sudoeste de Minas, o meteorologista indica que é preciso atenção, nos próximos dias, para as áreas do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, o centro e o sul do estado. Na região metropolitana, também atingida pelas chuvas, a previsão é de melhora para os próximos dias.