'Decepcionante', diz americano indiciado por polícia após soco em hotel
O produtor cultural norte-americano HL Thompson, indiciado por lesão corporal por reagir com um soco a ataques de um casal de hóspedes do Hotel Hilton, em Copacabana, na zona sul do Rio, lamentou o entendimento da Polícia Civil sobre o caso e disse ser "decepcionante ser considerado o agressor, depois de ser atacado".
Em conversa com o UOL na manhã de hoje, Thompson afirmou que é "triste que pessoas negras sejam sempre rotuladas de agressoras mesmo quando se defendem".
A confusão entre o americano e o casal de hóspedes —uma brasileira e um alemão que não tiveram os nomes divulgados— ocorreu no último dia 30 no saguão do hotel e foi registrada em vídeo.
Nas imagens, a brasileira aparece partindo para cima do americano, que reagiu desferindo um soco contra o companheiro dela. O homem cai no chão desacordado. Thompson retorna para a fila de atendimento e a brasileira tenta novamente agredi-lo, mas é contida pela segurança.
O americano reiterou ao UOL ter sido vítima de racismo e agarrado pela mulher —a polícia indiciou o casal por injúria racial. Ele avaliou que houve falha da segurança do hotel em protegê-lo e disse que agiu em legítima defesa.
"A segurança do Hilton falhou em me proteger depois que eu pediu várias vezes para a segurança intervir antes de ser atacado. Eles até reconheceram a falta de resposta, mas não quiseram assumir total responsabilidade. Essa falha me colocou em perigo e não tive escolha a não ser agir em legítima defesa depois de ser chamado por palavras racistas e ser agarrado."
O caso foi registrado na Deat (Delegacia de Apoio ao Turismo) pelo casal. Posteriormente, o americano compareceu à delegacia para prestar depoimento. À polícia, ele relatou ter sido atacado pelo casal com palavras de cunho racista. Após os indiciamentos, o caso será encaminhado à Justiça.
'Racismo não será tolerado', diz produtor
Depois que as imagens da confusão viralizaram nas redes sociais, o americano explicou que o casal aparentava estar embriagado e que o tumulto começou após os dois não conseguirem passar na frente dele na fila de atendimento.
"Me chamavam de 'nigger black guy' porque eu não permitiria que eles me cortassem a fila."
Em seu Instagram, o produtor afirmou que "racismo não será tolerado".
"Não somos nossos ancestrais, o comportamento racista não será tolerado em nenhum nível, o preto é lindo e, se isso te deixa desconfortável, isso é problema seu, não nosso. Eu amo minha pele negra e não odeio as lindas bençãos de Deus", escreveu ele.
A publicação é acompanhada pela imagem do ex-congressista americano John Lewis (1940-2020), líder do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. Na foto, há a citação do político que diz que "nunca, jamais tenha medo de fazer algum barulho e se meter em uma boa encrenca, uma encrenca necessária".
O que diz o hotel
O Hotel foi procurado pela reportagem para comentar as falhas na segurança mencionadas pelo americano, mas ainda não se manifestou.
Na ocasião que o vídeo repercutiu, o Hilton informou ao UOL que "tem uma política de tolerância zero contra o racismo ou discriminação de qualquer tipo".
"Nosso objetivo é ser acolhedor e hospitaleiro para todos que entram por nossas portas", disse a empresa através de nota. Antes, o hotel já havia informado que estava cooperando com as investigações policiais".
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