Moïse fugiu de seu país ainda adolescente para evitar violência, diz mãe
Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, fugiu da República Democrática do Congo (RDC) quando ainda era adolescente na tentativa de evitar os confrontos étnicos decorrentes da Guerra Civil de 2003. Ele morreu no dia 24 de janeiro, vítima de agressões em um quiosque onde trabalhava como ajudante de cozinha na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao SBT Rio, a mãe de Moïse, Ivana Lay, de 43 anos, disse que a vida no país de origem também era violenta. "Lá matam com faca, cortam cabeça, cortam tudo. E aqui também", contou ela. Segundo a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, entre 2017 e 2019 cerca de 5 milhões de pessoas se deslocaram da RDC fugindo dos conflitos.
Chadrac Kembilu Nkusu, primo do jovem congolês, afirmou em entrevista à mesma emissora que a família buscava ser acolhida no Brasil. "Ele trabalhava. A gente trabalha duro. Fugimos da África para ser acolhido no Brasil. O Brasil é uma mãe, abraça todo mundo. É uma segunda casa. Como que vai trabalhar o irmão trabalhando? A Justiça tem que ser feita", disse ele.
Ao UOL News, o irmão de Moïse, Maurice Mugeny, que vive atualmente na França, explicou que a família se mudou para o Brasil em 2011, após deixar o Congo por causa da situação política do país. Eles pediram e conseguiram asilo no Brasil, e ambos irmãos terminaram o ensino médio aqui.
Segundo relatos de familiares e testemunhas, Moise trabalhava no quiosque Tropicáliia, localizado na altura do posto 8, como ajudante de cozinha. Ao fim do expediente, por volta das 21h, ele foi cobrar ao gerente o pagamento de duas diárias atrasadas.
De acordo com uma nota de repúdio divulgada pela comunidade congolesa no Rio de Janeiro, após a cobrança "o gerente começou a lhe agredir juntos com seus amigos, 5 pessoas no total". Imagens de câmeras instaladas no quiosque flagraram a agressão. Os homens usavam pedaços de pau e um taco de baseball.
Os três homens envolvidos no espancamento que terminou com a morte de Moïse foram identificados. Eles estão detidos na Delegacia de Homicídios e a polícia já pediu a prisão para a Justiça.
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