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Prefeito de Angra pede desligamento das usinas nucleares após chuvas

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

03/04/2022 13h53

O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB-RJ), anunciou em suas redes sociais que pediu o desligamento das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2, no Rio, devido ao temporal que atinge a região desde ontem. A Eletronuclear informou hoje que as duas plantas operam "com capacidade total", mas, segundo Jordão, a cidade está ilhada e não conseguiria acionar seu plano de emergência, se necessário.

"Pedi ao ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, o desligamento das usinas nucleares de Angra. Com as estradas fechadas por causa das chuvas, estamos ilhados!", escreveu o prefeito no Instagram. Até o início da tarde de hoje (3), os temporais deixaram 14 pessoas mortas, a maioria em Angra dos Reis e Paraty.

Jordão lembrou que as principais estradas de acesso estão bloqueadas, mas, segundo a Eletronuclear, isso não afetou o plano de emergência. "Há pontos de interdição parcial ou total da BR-101 RJ Sul [Rio-Santos] por conta de deslizamentos de terra, mas que não afetam as ações de resposta do Plano de Emergência Externo (PEE)", afirma a nota da estatal.

A empresa informou, ainda, que está contribuindo com maquinário e pessoal para desobstruir as estradas, e que o hospital de Praia Brava - operado pela Feam (Fundação Eletronuclear de Assistência Médica) - está atuando no atendimento às vítimas das chuvas.

Nível recorde de chuvas

Em entrevista ontem ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, Jordão afirmou que "o trabalho de prevenção foi feito, mas a chuva foi a maior que já atingiu o município". A situação levou a prefeitura a decretar estado de emergência.

Segundo balanço da Defesa Civil na manhã de hoje, houve o registro de 900 mm de chuva nas últimas 48 horas em Ilha Grande e 737 mm no continente, índices jamais registrados anteriormente no município.

Em Paraty, morreram sete pessoas da minha família, sendo uma mãe e seis filhos. A mulher foi identificada como Lucimar de Jesus Campos e os filhos são João, 2, Estevão, 5, Yasmim, 8, Jasmin, 10, Luciano, 15, e Lucimara, 16.

Apenas um menino, Dorquel, foi resgatado com vida e encaminhado a um hospital de Praia Brava. Ao UOL, um primo de Lucimar falou sobre o impacto da tragédia: "É como se a gente tivesse morrido também".

Em Mesquita, na Baixada Fluminense, um homem, identificado como Daniel Ribeiro Pessoa morreu eletrocutado enquanto tentava resgatar uma mulher que estava num carro numa rua alagada, no bairro Santa Elias.

Segundo o Corpo de Bombeiros, Pessoa ia buscar a esposa no trabalho na tarde de sexta quando começou o temporal. Na rua Antônio Borges, foi ajudar uma mulher que tentava sair de um carro e acabou sofrendo uma descarga elétrica fatal.

Um motociclista que passava pelo local ainda tentou reanimar o advogado, sem sucesso. Pessoa deixa dois filhos, um de sete meses e outro de 8 anos.

Na Baixada Fluminense, além de Mesquita, também houve estragos nas cidades de Nova Iguaçu e Belford Roxo, onde um homem usou uma caixa de isopor para retirar os dois filhos pequenos da enchente.