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'Dói ver a cena dele ajoelhado', diz mãe de jovem morto por motoqueiro

Renan Silva Loureiro, de 20 anos, morreu ao ser atingido por um tiro na cabeça em assalto na zona sul de São Paulo - Arquivo pessoal
Renan Silva Loureiro, de 20 anos, morreu ao ser atingido por um tiro na cabeça em assalto na zona sul de São Paulo Imagem: Arquivo pessoal

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

28/04/2022 17h34

"Dói demais ver a cena dele ajoelhado, pedindo [para não ser morto]", desabafa Clarice Silva, mãe de Renan Silva Loureiro, ao descrever o vídeo da câmera de segurança que registrou o assassinato do jovem de 20 anos, atingido por um tiro na cabeça na noite de segunda-feira (25) em um assalto. O crime foi cometido por um motoqueiro disfarçado de entregador de aplicativo de comida na região do Jabaquara, zona sul de São Paulo.

Axcel Gabriel de Holanda Peres, 23, foi identificado hoje como suspeito do crime pela Polícia Civil, que divulgou nome e foto dele. Agentes apreenderam ontem (27) um revólver calibre 38 que pode ter sido usado no crime e uma caixa térmica de entrega de alimentos em um dos endereços vinculados ao suspeito, que, segundo a investigação, tem antecedentes criminais.

Em entrevista ao UOL, Clarice Silva, mãe de Renan, ainda diz estar em estado de choque. Mas busca conforto no relato de amigos e pessoas próximas ao jovem assassinado.

"Nunca imaginei passar por isso na minha vida. Nunca imaginei perder um filho de forma tão brutal. Meu filho era um rapaz doce, educado, gentil. A única coisa que está me trazendo conforto é ouvir as pessoas falando dele com ternura".

Em seu perfil no Instagram, ela escreveu uma mensagem direcionada ao suspeito. "Embora o meu coração oscile entre a tristeza e a raiva, você não vai tirar a bondade de dentro de mim. Que seja preso, julgado e condenado. E cumpra a sua pena".

Imagens de câmera de segurança obtidas pela TV Globo mostram momento em que Renan Loureiro é baleado após reagir a assalto na zona sul de São Paulo  - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Imagens mostram momento em que Renan Loureiro é baleado
Imagem: Reprodução/TV Globo

O caso está sendo investigado pela unidade do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) especializada em investigações sobre roubo e latrocínio (roubo seguido de morte), que esteve em dois endereços.

Além do revólver e da caixa térmica, os agentes ainda apreenderam uma jaqueta e uma capa de chuva que podem ter sido usadas pelo suspeito no dia do crime. Em um dos locais, havia objetos que podem ser sido roubados de outras vítimas, segundo a Polícia Civil. As buscas continuam.

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela TV Globo mostram o momento em que o motoqueiro dispara contra Renan Silva Loureiro, que reagiu ao roubo enquanto estava com a namorada na rua Freire Farto.

suspeito, entregador - Reprodução/Polícia Civil - Reprodução/Polícia Civil
Axcel Gabriel de Holanda Peres é apontado pela Polícia Civil como suspeito de ter assassinado o jovem Renan Silva Loureiro em um assalto na zona sul de São Paulo
Imagem: Reprodução/Polícia Civil

O vídeo mostra o momento em que o assaltante desce da moto e anuncia o assalto, apontando uma arma na direção do casal. Após levar os celulares das vítimas, as imagens registram o momento em que Renan reage e corre em direção ao criminoso.

Segundo a Polícia Civil, o assaltante dá quatro tiros. Um deles atinge Renan na cabeça. Em seguida, o assaltante sobe na moto e deixa o local, enquanto Renan é socorrido pela namorada.

De acordo com a investigação, Renan Silva Loureiro e a namorada tinham entregado os celulares após a abordagem. A namorada de Renan não se feriu.

Dois assaltos do tipo no mesmo dia

Nos últimos meses, a capital paulista registrou aumento de roubos praticados por ladrões disfarçados de entregadores de aplicativos, caracterizados com colete, bolsa térmica e até logotipo dessas plataformas. Câmeras de segurança flagraram dois assaltos do tipo na última sexta-feira (22) em Pinheiros, zona oeste da cidade.

O método das duas ações é parecido: um motoqueiro estaciona, aborda as vítimas e depois as persegue pela rua. Um dos assaltos ocorreu logo no início da manhã e, o outro, à noite. A SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) não encontrou registros das ocorrências.

O aumento desse tipo de crime levou a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) a procurar a SSP em março para tratar do assunto, conforme relatou o UOL Carros.

A entidade enviou ofício à secretaria informando que sugeriria às empresas de aplicativos a adoção de dispositivos de segurança, "como grafar o número do entregador em letras bem grandes na parte de trás e nos lados da caixa que porta as embalagens, facilitando a identificação". A secretaria afirma que "mantém diálogo permanente com a Abrasel e as empresas de entregas por aplicativos a fim de aprimorar os métodos de identificação dos entregadores e a segurança dos usuários dos sistemas".