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Sobe para 26 o número de mortos em chacina policial na Vila Cruzeiro (RJ)

Do UOL, em São Paulo

26/05/2022 08h36Atualizada em 27/05/2022 22h26

O número de mortos em decorrência de uma operação policial deflagrada na terça-feira (24) na comunidade da Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio de Janeiro, subiu para 26 na manhã desta quinta (26), segundo informações das unidades de saúde da região e da Polícia Militar.

Assim, essa chacina é considerada a segunda mais letal da história do estado, ficando atrás da ação na favela do Jacarezinho do ano passado, com 28 óbitos. As duas ocorreram na gestão do governador Cláudio Castro (PL).

Três pessoas feridas continuam hospitalizadas, sendo uma em estado grave. Uma quinta pessoa atendida no local foi transferida à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária.

O Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, confirmou 24 óbitos —21 pessoas que chegaram sem vida e duas foram atendidas, mas não resistiram.

Já a Polícia Militar confirmou a 25ª morte, de uma mulher de 41 anos, que estava em sua casa, enquanto o 26º óbito foi informado pela direção da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alemão. Este último é um menor de idade, sem identificação, que foi levado para a unidade, mas já chegou sem vida.

Mapa Rio de Janeiro - Folhapress - Folhapress
Imagem: Folhapress

Mortes na Vila Cruzeiro

Durante o mandato do governador Cláudio Castro (PL), que assumiu em maio de 2021, foram registradas 182 mortes em 40 chacinas no estado, de acordo reportagem do UOL com base em levantamento do Instituto Fogo Cruzado em parceria com o Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos), da UFF (Universidade Federal Fluminense).

Dessas mortes, 165 aconteceram em ações com intervenção de agentes das forças de segurança. De acordo com o levantamento, 24,8% delas ocorreram na área dominada pelo tráfico de drogas da Vila Cruzeiro, área de atuação do CV (Comando Vermelho), facção criminosa que atua nas principais favelas do Rio.

No local, foram cerca de 40 mortes —a conta inclui o massacre de terça-feira (24).

Daniel Hirata, pesquisador do Geni-UFF, atribui a alta ocorrência de chacinas nesse território ao que define como "criminalização" das áreas sob o domínio do tráfico de drogas.

"A Vila Cruzeiro é conhecida como uma região sob o domínio do tráfico. Uma das formas de minimizar a violência nesses territórios é dizer que os mortos nas chacinas eram criminosos. No Brasil, isso serve como justificativa para execuções", avalia.

'Hotel de luxo' do tráfico, diz governador

Cláudio Castro, governador do Rio, escreveu ontem em suas redes sociais que a Vila Cruzeiro funciona como "o coração" da maior facção criminosa do estado e que o local teria virado "hotel de luxo" de chefes da facção vindos de outros estados.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou a ação dos policiais militares na chacina.

Edson Fachin, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), procurou o Ministério Público após a chacina demonstrando "preocupação com a notícia de mais uma ação policial com índice tão alto de letalidade".