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Chuvas deixam PE com 24 cidades em emergência e mais de 100 mortes

Do UOL, em São Paulo

31/05/2022 21h01

Mais de cem pessoas morreram em meio às chuvas que atingem Pernambuco desde a última quarta-feira (25). O balanço mais recente da Defesa Civil do estado contabiliza 106 mortos, oito desaparecidos e 6.198 desabrigados. Ao menos 24 cidades decretaram situação de emergência.

Ontem (30), o governo federal havia decretado estado de emergência em 14 municípios: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São José da Coroa Grande, Moreno, Nazaré da Mata, Macaparana, Cabo de Santo Agostinho, São Vicente Férrer, Paudalho, Paulista, Goiana, Timbaúba e Camaragibe.

Outras dez cidades também decretaram situação de emergência, embora não constem no decreto do governo federal. São elas: Abreu e Lima, Aliança, Araçoiaba, Bom Jardim, Glória do Goitá, Igarassu, Limoeiro, Passira, São Lourenço da Mata e Vicência.

Na capital Recife, a Prefeitura divulgou que há 3.811 pessoas alojadas em 34 abrigos emergenciais temporários. A administração também notificou 148 ocorrências desde o início das chuvas, há quase uma semana, e informou que 15 mil toneladas de resíduos sólidos já foram removidas da cidade.

Governo federal adota urgência para atender estados

A AGU (Advocacia-Geral da União) determinou, em portaria publicada hoje (31), a redução de prazos para que a União possa ajudar Pernambuco e Alagoas por causa das chuvas.

Com isso, manifestações jurídicas sobre licitações vão passar a tramitar em até 72 horas ao invés de 15 dias. Já as dispensas de licitação, que duravam cerca de cinco dias para sair, serão liberadas em até 48 horas.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima divulgou que as chuvas devem continuar até a sexta-feira (3) na região metropolitana do Recife e na Zona da Mata, embora com volume reduzido.

A intensidade das precipitações e os riscos de novos deslizamentos levaram o Corpo de Bombeiros do estado a interromper, durante alguns momentos, as buscas em áreas que foram afetadas pelas chuvas.

Em entrevista ao UOL News de ontem, a meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) Morgana Almeida afirmou que, apesar da redução da intensidade, o solo molhado ainda é um risco para as regiões atingidas.

"A situação ainda é preocupante porque o solo está bastante encharcado, há muitos pontos em que a água não retornou ao nível normal, com muitos alagamentos", disse ela.

Fenômeno atípico

As chuvas foram provocadas por um sistema climático conhecido como Distúrbio Ondulatório de Leste. Ele tem como uma de suas principais características o deslocamento da massa de ar do oceano Atlântico para o continente.

Embora todos os anos o fenômeno leve chuva para região Nordeste entre maio e agosto, em 2022 a intensidade foi considerada atípica, sendo observada a cada 10 a 12 anos.

Na quarta (25), o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), órgão federal ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, emitiu um boletim geo-hidrológico alertando para o risco alto de chuvas intensas e deslizamentos na área.

No entanto, a prefeitura do Recife só acionou o plano de contingência na sexta (27), dois dias depois.

Entre os relatos de vítimas, há o da dona de casa Camila Barbosa da Silva, 24 anos, que disse ter visto a água inundar a sua casa em poucos minutos.

"Só deu tempo de pegar meus filhos e chegar até a casa da minha mãe, que fica um pouco mais em cima", contou.

Hoje, as equipes de resgate encontraram os corpos de um casal abraçado em uma residência no Jardim Monte Verde, entre o Recife e Jaboatão dos Guararapes.