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Suspeito de matar homem por tirar 'hora do café' pegava carona com o colega

Marcelo Camillo, 36, se preparava para casar no final de 2022 e tinha descoberto há pouco ser pai de um adolescente - Arquivo pessoal
Marcelo Camillo, 36, se preparava para casar no final de 2022 e tinha descoberto há pouco ser pai de um adolescente Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

08/06/2022 12h48Atualizada em 08/06/2022 14h55

O funcionário de uma empresa de revestimentos industriais de São Leopoldo (RS) que foi morto nesta semana tinha uma relação de "camaradagem" com o colega de trabalho investigado pelo crime. Segundo Aline Mazzocchi, responsável pela comunicação da Sulcromo, Marcelo Camillo, 36, era registrado como montador no mesmo departamento do suspeito do crime e constantemente pegava carona com ele.

Segundo a Polícia, testemunhas dizem que houve ameaças anteriores no ambiente de trabalho. No entanto, a empresa afirma que não há relatos formais sobre a situação.

"Tanto o RH (Recursos Humanos) quanto a supervisão responsável não receberam nenhum tipo de queixa formal [sobre a relação dos dois]. Surpreendeu-nos inclusive, porque o Marcelo tinha uma relação de camaradagem com o colega. Não posso dizer amizade porque a empresa não se envolve nas relações pessoais dos funcionários, mas constantemente pegavam carona juntos", afirmou ela em entrevista ao UOL.

Marcelo estava há menos de cinco anos trabalhando na empresa enquanto o colega, identificado como Vilson Almeida Telles, 54, já atuava há 20 anos no local. Os dois não tinham uma relação hierárquica, já que ocupavam a mesma função.

"A gente via que eram colegas que trabalhavam juntos, existia brincadeira entre eles, discordâncias, como qualquer relação do âmbito profissional. A gente tá tão consternado quanto o público. Não há qualquer situação que sugerisse isso que aconteceu", explica Aline.

O caso

O crime ocorreu na segunda-feira (6). Segundo a Polícia Civil, Marcelo foi morto por um colega de trabalho depois de fazer "pausa para o café" fora do horário combinado. Ele foi golpeado por um objeto perfurocortante no tórax e sofreu uma parada cardíaca. Marcelo chegou a ser socorrido para o Hospital Unimed, no município, mas não resistiu aos ferimentos.

A empresa, por sua vez, contesta a versão de que Marcelo saiu "fora do horário". "A única limitação é por conta da pandemia. A gente se organizou em turnos para não ter aglomeração, para que eles fossem em grupos menores", explica Aline.

"Como eles trabalham com máscaras desde antes da pandemia, a orientação de consumir alimentos é para não fazer no local de trabalho, por questões de segurança. Eles têm acesso ao banheiro, bebedouro. A única coisa que se organiza é para desligar o equipamento, que são máquinas pesadas, e avisar ao supervisor. Eles podem sair a qualquer momento que precisarem para fazer a manutenção do bem-estar. O que existe é a orientação ao cuidado sobre isso."

Um vídeo do circuito interno de segurança da empresa mostra o momento em que Marcelo corre já com as mãos sobre o peito. O suspeito aparece fugindo na sequência.

Em nota, a Sulcromo informou que "sempre esteve e continuará à disposição dos órgãos envolvidos nas investigações de forma voluntária e colaborativa" e que "a diretoria e supervisão da Sulcromo não promove, compactua ou se abstém frente a qualquer forma de violência".

"A Sulcromo está apoiando a família do Marcelo, em tudo que necessitam. Estamos também empenhados em proteger a segurança de nossos funcionários, sem envolvimento com o caso, contra qualquer tipo de exposição e represaria", diz comunicado.

Marcelo deixa os pais, a noiva e um filho. A madrinha e tia materna de Marcelo, Margarete Pavanatto, o descreveu como "um homem de coração muito bom, muito trabalhador".

A arma do crime foi apreendida pela polícia em uma bancada do local e será encaminhada para perícia. Segundo o delegado, ainda não é possível afirmar se o objeto fazia parte do estoque de ferramentas da empresa ou se foi levado de forma premeditada pelo suspeito. A Polícia Civil pede que qualquer informação sobre o possível autor seja denunciada pelos telefones 0800.642.0121 ou WhatsApp (51) 98585.6111.

O UOL ainda não conseguiu localizar a defesa do suspeito. O espaço segue aberto para manifestação de seus representantes legais e será atualizado tão logo haja posicionamento.