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Prédio que iniciou incêndio no centro de SP não tinha alvará dos bombeiros

Incêndio começou em edifício comercial na rua Barão de Duprat, na região da 25 de Março, em São Paulo - Isaac Fontana/CJPress/Estadão Conteúdo
Incêndio começou em edifício comercial na rua Barão de Duprat, na região da 25 de Março, em São Paulo Imagem: Isaac Fontana/CJPress/Estadão Conteúdo
Wanderley Preite Sobrinho e Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

11/07/2022 12h25Atualizada em 11/07/2022 15h10

O prédio em que começou o incêndio que atinge o centro histórico de São Paulo não tinha o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), que atesta que uma edificação funciona dentro das condições de segurança contra incêndio e pânico.

A estrutura de 10 andares está em chamas desde as 21h de ontem. As chamas já atingiram pelo menos outros dois prédios vizinhos: em um deles, funcionava uma loja Matsumoto, que desabou "totalmente". No outro, está sediada a igreja ortodoxa mais antiga do Brasil.

A informação sobre a falta de alvará do prédio comercial em que começaram as chamas foi divulgada pelo Corpo de Bombeiros em entrevista coletiva na manhã de hoje. De acordo com a corporação, o fogo foi controlado pouco antes das 8h, mas ainda não foi extinto.

"Pela consulta que nós fizemos [esse prédio] não tem AVCB", afirmou o capitão André Elias, que disse desconhecer a identidade do proprietário do edifício.

Ao UOL, o capitão destacou que o AVCB "garante que o prédio segue todas as normas que garantem a saída segura das pessoas que o utilizam", mas que a inexistência do documento não obrigatoriamente significa que o prédio estava sob risco.

Incêndio está apenas "controlado"

Embora o incêndio tenha sido controlado, Elias afirmou que as chamas ainda não foram extintas, sendo alimentadas também pelo material que estava na loja Matsumoto.

"É uma região com muitos artigos para festas. São polímeros, plásticos, tecidos", disse. "Tudo isso tem uma carga de incêndio muito alta e facilita que o fogo se propague totalmente, uma dificuldade encontrada."

Atualmente 23 viaturas e 63 bombeiros que se concentram em extinguir o fogo na parte interna do prédio principal.

"Não vislumbramos mais a possibilidade desse incêndio passar para outras edificações", ponderou, destacando ainda que toda a edificação foi afetada pelo incidente. "São praticamente todos os andares, não sabemos exatamente o que está pegando fogo, mas praticamente o prédio inteiro foi consumido pelas chamas."

Os prédios no entorno da ocorrência foram evacuados por questão de segurança, um deles residencial.

Dois bombeiros sofreram queimaduras de 2º grau e foram encaminhados para o pronto-socorro do Tatuapé, ambos conscientes. Um deles teve 36% do corpo queimado e o outro 18%, com queimaduras de segundo grau.

"Eles foram socorridos e estão conscientes", disse o capitão, detalhando ainda que eles se queimaram por causa da dificuldade em acessar o prédio.

Trabalhadores assustados

Por segurança, o entorno da rua Barão de Duprat foi interditado, obrigando o comércio a ficar de portas fechadas na manhã de hoje. Viaturas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfico), da SPTrans, Bombeiros e Polícia Militar isolam as ruas que dão acesso aos prédios atingidos e orientam a população sobre os desvios.

Com a interdição do entorno, muitas lojas não abriram, com viaturas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfico), da SPTrans, Bombeiros e Polícia Militar isolando as ruas que dão acesso aos prédios e orientando a população sobre desvios.

O guardador de Carros Tiago de Souza, 37, não conseguiu chegar ao trabalho na rua Cantareira — onde fica o Mercado Municipal —, como faz todos os dias.

"Soube do incêndio em casa, mas vim mesmo assim", diz ele, que mora no Itaim Paulista. "Levo 1h20 todo dia pra chegar aqui. Gastei condução à toa. Vou ter de voltar pra casa."

Já a comerciante Gilmara Ferreira Santos, 45, que já teve um ponto comercial no local atingido pelas chamas, se disse chocada com a situação.

"Eu estou em choque porque há três anos minha loja ficava nesse prédio", disse ela enquanto observava a fumaça que saía de um dos edifícios atingidos e já condenados pelos bombeiros.

"São várias lojinhas. Você entrava pela porta e acessava as lojas nos cinco andares. Ela vendem lembrancinhas de casamento e aniversário", diz ela, cuja loja agora funciona em outro endereço na mesma região. "Eu conheço o dono do prédio, que está em choque, não fala com ninguém", lamenta.