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Polícia ouviu 13 testemunhas e esposa de assassino de petista no PR

Marcelo Arruda comemorou aniversário de 50 anos com temática petista em Foz do Iguaçu (PR) - Reprodução/Twitter/@gleisi
Marcelo Arruda comemorou aniversário de 50 anos com temática petista em Foz do Iguaçu (PR) Imagem: Reprodução/Twitter/@gleisi

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

13/07/2022 10h48

A Polícia Civil do Paraná já ouviu a esposa do policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho e outras 13 pessoas no inquérito que investiga o assassinato do guarda civil Marcelo Arruda, morto a tiros neste sábado (9) pelo servidor enquanto comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT alusiva ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Foz do Iguaçu.

A Secretaria da Segurança Pública informou que há três novos depoimentos previstos para hoje. À tarde, será divulgada a atualização sobre o estado de saúde de Guaranho, que respira com o auxílio de ventilação mecânica e está internado em estado estável na UTI do Hospital Ministro Costa Cavalcante. Baleado por Arruda após atirar, ele também foi atingido por chutes na cabeça dados por convidados da festa.

A expectativa das autoridades é de que o inquérito seja concluído até a próxima terça-feira (19). Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que já foram ouvidas testemunhas do crime, parentes de atirador e da vítima. O conteúdo dos depoimentos não foi divulgado.

O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sediada na capital Curitiba. Foi criada uma força-tarefa com agentes da especializada "para garantir celeridade na apuração dos fatos", informou a Secretaria da Segurança Pública do Paraná.

Segundo testemunhas, a esposa do policial penal estava com a filha de 3 meses no banco de trás quando ele chegou pela primeira vez ao local. Ainda de acordo com os relatos, ela teria pedido ao marido que saíssem de lá.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), Guaranho, que não estava entre os convidados, fez provocações com gritos de apoio a Bolsonaro e críticas a Lula. Depois de um desentendimento com Arruda e outros convidados, voltou sozinho para invadir a festa atirando. A Polícia Civil investiga se houve crime de ódio por motivação política.

A defesa constituída pelo Sindicato dos Agentes Federais de Execução Penal de Catanduvas (PR), onde Guaranho trabalha, alegou legítima defesa e pediu à Justiça que sejam feitos exames de embriaguez no petista, conforme revelou reportagem publicada pelo UOL.

O advogado Daniel Godoy, um dos representantes da família de Arruda, rebateu. "É uma tentativa de criminalizar a vítima, justificar a versão de que se trata de briga de bar e de descaracterizar o crime de ódio por motivação política".

Os defensores da família do petista se manifestaram no processo contra a atuação do sindicato que representa o policial penal no caso. "Não existe amparo legal para a atuação do sindicato, que pode atuar em questões de natureza coletiva, que envolvam a categoria. Esse caso diz respeito à prática de um crime", argumenta Godoy.

O UOL não localizou os representantes do sindicato para que ele pudessem se posicionar.

Como foi a ação

Guaranho foi de carro à entrada da festa onde o guarda municipal Marcelo Arruda comemorava o aniversário com uma festa temática sobre o PT.

De acordo com a investigação, ele reproduzia uma música em som alto em alusão a Bolsonaro e começou a insultar os integrantes da festa. A ação, flagrada em vídeo, mostra o momento em que Arruda aparenta jogar algo em direção ao veículo.

O bolsonarista então reage, mostrando a arma. O policial penal deixou o local e retornou sozinho depois de cerca de 20 minutos. As imagens mostram o momento em que ele volta e dá dois disparos em direção ao interior da festa.

Um vídeo interno registra Arruda mancando após ter sido atingido na perna. Guaranho então se aproxima, atira na direção da vítima e se afasta. Mas é atingido pelos tiros dados pelo guarda municipal, que reagiu. No chão, o policial penal foi agredido com chutes na cabeça dados por um dos integrantes da festa.