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Polícia prende em SP um dos homens mais procurados do país

Danilo dos Santos Albino foi preso pela Polícia Rodoviária Federal em SP - Reprodução
Danilo dos Santos Albino foi preso pela Polícia Rodoviária Federal em SP Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

02/08/2022 12h07

Apontado como um dos líderes de assaltos a agências bancárias aos moldes do chamado "novo cangaço", um dos homens mais procurados do país foi preso ontem à tarde em uma abordagem de rotina feita por agentes da Polícia Rodoviária Federal em Atibaia, no interior de São Paulo.

Danilo dos Santos Albino, 38, tem quatro mandados de prisão expedidos por envolvimento em roubos a bancos em São Paulo entre 2015 e 2021. Esses crimes envolvem quadrilhas com fuzis e explosivos em carros blindados com ao menos 30 criminosos, que enfrentam as forças de segurança e usam civis como escudos humanos, criando um cenário de terror nas cidades onde atuam.

Na lista dos criminosos mais procurados do país elaborada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, ele também é apontado como suspeito de ligação nas ações de "domínio de cidades", uma evolução em relação ao "novo cangaço" em crimes mais violentos e planejados. Fontes ligadas a investigações desses grupos apontam que o investimento para mega-assaltos é de até R$ 2 milhões.

Ele é suspeito de envolvimento no mega-assalto ocorrido no dia 30 de agosto de 2021 em Araçatuba (SP), ação com o maior número de explosivos empregados em assaltos no país, segundo levantamento feito pela Associação Mato-Grossense para o Fomento e Desenvolvimento da Segurança.

O veículo conduzido por Danilo foi alvo de uma abordagem de rotina da PRF por volta das 15h30 de ontem na BR-381, conhecida como rodovia Fernão Dias.

Contudo, os agentes suspeitaram da atitude dele, que apresentou um documento de identidade falsificado, mas não soube dar detalhes sobre o Pará, que constava como seu estado de nascimento. Em seguida, acabou admitindo a verdadeira identidade ao ser informado que seria conduzido para verificação dos seus dados. O UOL não conseguiu contato com a defesa dele.

Três chefões mortos em 1 mês

Danilo integrava a mesma lista de outros três criminosos de ações do "novo cangaço" entre os mais procurados do país, mortos em ações da polícia em um intervalo de apenas um mês.

A primeira morte ocorreu no dia 31 de maio. Raimundo Aparecido dos Santos, conhecido como Dica, seguia em um carro na zona rural de Luziânia (GO), município no entorno do Distrito Federal, quando foi abordado por policiais.

Raimundo Aparecido dos Santos, conhecido como Dica, morreu em uma ação policial em Luziânia (GO) no dia 31 de maio. Segundo a PM, ele abriu fogo contra os agentes, que revidaram - Reprodução - Reprodução
Raimundo Aparecido dos Santos, conhecido como Dica, morreu em uma ação policial em Luziânia (GO) no dia 31 de maio. Segundo a PM, ele abriu fogo contra os agentes, que revidaram
Imagem: Reprodução

Segundo a Polícia Militar, o criminoso foi baleado após atirar contra os agentes e fugir a pé para uma área de mata. Nenhum dos agentes se feriu. Com Dica, foram encontradas armas e uma carteira de identidade falsa.

Apontado como suspeito de fornecer armas aos 26 integrantes de uma quadrilha mortos em um sítio em Varginha (MG) enquanto se preparavam para assaltar bancos, na ação policial mais letal do país contra o "novo cangaço", Dica também era investigado por suspeita de envolvimento com o mega-assalto de Guarapuava (PR), em abril deste ano.

Em meio a essa última ação, os criminosos mataram um policial militar com um tiro na cabeça durante ataque ao batalhão da cidade.

O criminoso também é suspeito de participar, em junho de 2016, do assalto à Prosegur, em Ribeirão Preto (SP). Duas pessoas morreram no roubo, entre elas, um policial rodoviário estadual. A quadrilha levou cerca de R$ 51 milhões e, na fuga, ateou fogo em veículos.

Dica foi monitorado por ao menos três meses antes de morrer, apontam fontes na Polícia Militar do Distrito Federal e de Goiás. Segundo os agentes, ele era dono de uma fortuna oriunda dos crimes e morava em uma mansão num condomínio de luxo.

Morto com fuzil, pistola e explosivo

Apontado como uma das lideranças em ações do "novo cangaço" e "domínio de cidades", Gewides Moreira dos Santos morreu em confronto ao reagir a uma operação na zona rural do Tocantins, segundo a polícia - Reprodução - Reprodução
Apontado como uma das lideranças em ações do "novo cangaço" e "domínio de cidades", Gewides Moreira dos Santos morreu em confronto ao reagir a uma operação na zona rural do Tocantins, segundo a polícia
Imagem: Reprodução

Gewides Moreira dos Santos, o Cocheba, foi morto em 23 de junho em uma ação policial semelhante à que terminou com a morte de Dica. Ele se deslocava de carro na zona rural de Peixe (TO), a 284 km de Palmas, quando foi abordado por agentes em uma ação conjunta entre as polícias Civil e Militar do Tocantins.

Segundo os envolvidos, ele atirou na direção dos agentes e acabou morrendo no confronto. Nenhum policial se feriu. Os agentes apreenderam um fuzil, uma pistola e explosivo. Segundo os policiais, ele usava um rancho nas imediações para guardar armamento usado nos roubos.

Morto em 'acerto de contas', diz polícia

Assaltante de bancos, Edvaldo Silva Santos, o Edvaldo da Manga, foi morto a tiros em 1º de julho em Cabrobó (PE) - Reprodução - Reprodução
Assaltante de bancos, Edvaldo Silva Santos, o Edvaldo da Manga, foi morto a tiros em 1º de julho em Cabrobó (PE)
Imagem: Reprodução

Na madrugada de 1º de julho, Edvaldo Silva Santos, o Edvaldo da Manga, foi morto a tiros enquanto caminhava com a esposa e a filha em uma rua de Cabrobó (PE). Segundo a polícia, o crime foi cometido por dois suspeitos que estavam em uma moto em um possível acerto de contas.

Ele é suspeito de participar da tentativa de assalto a um avião pagador no aeroporto de Salgueiro, no interior pernambucano, em setembro de 2018. Também já foi investigado por suspeita de participação em mega-assaltos em estados de Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.

O UOL procurou, mas não localizou a defesa dos citados na reportagem.

Projeto de lei para tipificar crime

Nesta semana, parlamentares colocaram em pauta no Congresso o projeto de lei 5.365 de autoria do deputado federal Ubiratan Sanderson (PL), que tipifica o crime tipicamente brasileiro de "domínio de cidades".

A Câmara dos Deputados aprovou ontem o requerimento que confere regime de urgência ao tema em votação simbólica. Com isso, a proposta poderá ser incluída na pauta de votações a qualquer momento.

Só neste ano, houve três ações de mega-assaltos no país. A última delas ocorreu na madrugada de sábado (30) em Ipixuna (PA), cidade a 250 km da capital Belém. Os criminosos, que usaram explosivos para explodir uma agência bancária, entraram em confronto com agentes de segurança pública e fizeram moradores reféns.

Vidro dianteiro de viatura da Guarda Municipal de Ipixuna (PA) foi atingido por tiros dados por quadrilha que invadiu a cidade para roubar agência bancária - Reprodução - Reprodução
Vidro dianteiro de viatura da Guarda Municipal de Ipixuna (PA) foi atingido por tiros dados por quadrilha que invadiu a cidade para roubar agência bancária
Imagem: Reprodução

Na noite de 22 de junho, criminosos usaram fuzis com mira laser e abriram fogo contra o batalhão da Polícia Militar em Itajubá (MG). Depois, explodiram um veículo e fugiram em comboios para três cidades em direção a São Paulo. Um suspeito foi preso.

Em abril deste ano, Guarapuava (PR) foi alvo de um crime semelhante, com um assalto a uma empresa de valores, que deixou um policial militar morto após ataque ao batalhão da corporação.

Levantamento feito pelo UOL apontou ao menos 197 mortes em 20 anos em mega-assaltos no país em ações de quadrilhas altamente armadas que dominam cidades inteiras para roubar.