Flordelis e filhos: quem são os condenados pela morte do pastor Anderson
A ex-deputada federal Flordelis, condenada hoje a 50 anos e 28 dias de prisão pelo assassinato do pastor Anderson do Carmo, contou com a ajuda dos próprios filhos para encomendar a morte do próprio marido, segundo Tribunal do Júri.
O pastor Anderson do Carmo foi morto a tiros em junho de 2019 na casa da família em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
No júri de hoje da 3ª Vara Criminal de Niterói, Flordelis e Simone dos Santos Rodrigues, sua filha biológica, foram condenadas pelo assassinato do pastor Anderson.
Em nota, o advogado Rodrigo Faucz afirmou que não há provas para a condenação de Flordelis. "Ocorreram diversas nulidades absolutas no decorrer do julgamento. Recorrerei da sentença, buscando que ocorra, futuramente, um julgamento justo", disse, em um dos trechos do texto.
Os filhos afetivos Marzy Teixeira da Silva, André Luiz de Oliveira e a neta Rayane dos Santos Oliveira foram absolvidos de todos os crimes. "A defesa conseguiu provar no júri que eles não tinham participação no homicídio consumado, bem como que o envenenamento não aconteceu", disse Faucz, que também os representa no caso.
Dois filhos da ex-parlamentar já haviam sido condenados em um júri em novembro de 2021 por envolvimento no homicídio. Em abril deste ano, outros quatro réus também foram condenados por outros crimes ligados ao assassinato.
Saiba quem são os condenados pelo júri da 3ª Vara Criminal de Niterói por envolvimento no crime.
Flordelis, a mandante do crime. Ela foi condenada por homicídio triplamente qualificado, uso de documento falso e associação criminosa armada. Segundo o tribunal do júri, o crime foi motivado por disputas por dinheiro e influência na família. "Flordelis é manipuladora, vingativa e assassina", disse o promotor Décio Viegas, após sentença.
Em um interrogatório de 42 minutos à Justiça, a ex-parlamentar acusou o marido de cometer abusos dentro da própria casa e agressões. E rebateu as acusações de que teria envenenado o pastor antes do seu assassinato.
O psiquiatra forense Hewdi Lobo Ribeiro afirmou que Flordelis relatou episódios de sufocamento durante relações sexuais com o marido.
A ex-deputada federal está presa desde 13 de agosto de 2021. Dois dias antes, ela havia perdido o foro privilegiado ao ter o mandato cassado por 437 favoráveis, sete contrários e 12 abstenções.
Simone, relato de abusos. Filha biológica de Flordelis, Simone dos Santos Rodrigues foi condenada a 31 anos e quatro meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado e associação criminosa armada.
Janira Rocha, advogada de Flordelis, expôs a linha de que Simone foi a única responsável por tramar a morte de Anderson em resposta a supostos abusos cometidos contra ela e suas filhas, netas da ex-deputada. "Ela sofreu por anos [abusos]. Mas, quando o abuso chegou nas suas filhas, aí o copo entornou", diz a defensora da ex-deputada.
Em depoimento por videoconferência ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados em abril de 2021, Simone confirmou os abusos e negou envolvimento da mãe no crime.
Flávio, o atirador. Filho biológico de Flordelis, Flavio dos Santos Rodrigues, já havia sido condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa pelo tribunal do júri em novembro de 2021. Ele é acusado de ter efetuado os disparos que mataram o pastor Anderson do Carmo.
Durante as investigações da polícia, ele chegou a confessar que atirou no padrasto. Mas voltou atrás e negou o envolvimento no crime.
Lucas e a arma do crime. Filho adotivo de Flordelis, Lucas Cezar dos Santos de Souza foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por homicídio no mesmo júri que condenou Flávio, em novembro do ano passado. Ele é acusado de ter comprado a arma usada no crime e teve a pena reduzida por ter colaborado com as investigações.
Lucas afirmou que a ex-deputada teria citado a "primeira-dama e um ministro" numa carta em que pedia para que ele assumisse a autoria do crime. Em depoimento em abril de 2021 na Comissão de Ética da Câmara, Flordelis negou que fosse amiga da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Ele não especificou quem seria o "ministro" supostamente citado pela ex-deputada. A carta, que teria sido entregue a Lucas dentro do presídio, nunca apareceu.
Outros condenados por envolvimento no crime. No dia 13 de abril deste ano, o Tribunal do Júri de Niterói condenou outros quatro réus. Adriano dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, foi condenado a quatro anos, seis meses e 20 dias por uso de documento falso e associação criminosa armada.
O ex-PM Marcos Siqueira Costa foi condenado a cinco anos e 20 dias de prisão por uso de documento falso e associação criminosa armada. Andrea Santos Maia, esposa do ex-PM, foi condenada a quatro anos, três meses e dez dias pelos mesmos crimes cometidos pelo marido.
Carlos Ubiraci Francisco da Silva, filho afetivo de Flordelis, foi condenado a dois anos, dois meses e 20 dias por associação criminosa armada.
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