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Mulher que matou marido em SC chegou a dormir ao lado de freezer em vigília

Claudia Frenandes Tavares Hoeckler, 40, confessou ter matado o marido, Valdemir Hoeckler, 52 - Reprodução/Facebook e YouTube
Claudia Frenandes Tavares Hoeckler, 40, confessou ter matado o marido, Valdemir Hoeckler, 52 Imagem: Reprodução/Facebook e YouTube

Do UOL, em São Paulo

24/11/2022 04h00

A pedagoga Claudia Tavares Hoeckler, 40, que confessou ter matado o marido e escondido o corpo dele dentro de um freezer em Lacerdópolis (SC), chamou atenção de amigos pelo cuidado excessivo que tinha com o eletrodoméstico usado para ocultar o cadáver.

À polícia, os vizinhos da mulher informaram que sentiram uma diferença no comportamento dela quando Valdemir Hoeckler ainda era tratado como desaparecido pela polícia.

"Ela dormia ao lado do freezer, na sala, tinha visão no freezer. Uma vizinha ajudou na alimentação das equipes [que fizeram buscas pela vítima, até então, desaparecida] e a suspeita cuidava para que ela não fosse até o freezer. Se precisasse de alguma coisa no freezer, a suspeita buscava", contou o delegado responsável pelo caso, Gilmar Bonamigo, em entrevista ao UOL.

A suspeita da polícia é de que Claudia tenha agido sozinha, inclusive, para colocar o corpo de Valdemir dentro do objeto sem precisar esquartejá-lo.

"Ela conseguiu colocar o corpo inteiro no local. Não causou nenhum ferimento além da suposta asfixia", conta.

Para matar o marido sufocado, além de dar soníferos para ele, Cláudia usou uma sacola e uma câmara de pneu. Ela afirmou que ele chegou a se debater, mas morreu.

Ao delegado, após confessar o crime, a mulher contou que usou cordas para juntar os pés e mãos do corpo do marido, já amarrados, e uma cadeira como apoio. Ao todo, o processo levou cerca de duas horas.

"Ela também teve muita dificuldade em ajeitá-lo dentro do freezer, porque ele pesava em torno de 100 quilos, mas ela é uma mulher que trabalhou na roça e lida com gado de leite, então ela tem força suficiente para isso", afirma.

O delegado afirmou, ainda, que a mulher não demonstrou qualquer arrependimento pelo crime e, mesmo com a repercussão da morte, continuou a afirmar que se sentia livre.

"Quando ela conseguiu o intento dela, que era matá-lo, ela expressava felicidade. Ela expressava 'finalmente agora eu estou livre, sei que vou cumprir minha pena, mas o dia que eu sair, vou estar livre, não vai ter ninguém me pressionando, me ameaçando, posso caminhar por onde quiser, aquela história toda'", conta.

Relembre o caso

O corpo de Valdemir foi encontrado na noite de sábado (19). Ele estava desaparecido desde a segunda-feira (14), quando não apareceu para trabalhar.

A esposa permitiu a busca — mas não estava lá no momento em que a polícia achou o corpo, se entregando somente na tarde do dia 21. A polícia desconfiou do homicídio diante de versões desencontradas dadas pela esposa e outras informações colhidas com vizinhos.

Oficialmente, a esposa de Hoeckler prestou depoimento na sexta-feira (18), ocasião em que estava com hematomas e marcas de agressão no braço. Questionada sobre a origem dos ferimentos, ela não soube explicar — mas aceitou fazer o exame de corpo de delito, de acordo com o delegado.

Um dos elementos que chamaram a atenção da Polícia Civil foi o estado do freezer da casa.

Quando o Corpo de Bombeiros esteve no local para fazer buscas na propriedade, durante a semana, a mulher ofereceu um almoço para os militares. Ela também ofereceu refrigerantes, que estavam no freezer.

Contudo, o eletrodoméstico estava quase cheio — o que chamou a atenção de um vizinho que acompanhava as buscas. Ele relatou à polícia que dias antes esteve na residência e notou que o freezer estava vazio. Em uma vistoria, a polícia achou o corpo de Valdemir.

O crime, segundo Claudia, foi motivado após Valdemir proibi-la de ir para uma viagem de confraternização com colegas de trabalho.

"Ele me bateu e disse que eu não iria. Que, se eu fosse, ele iria me matar. Então, eu falei para as meninas que estava com dor de garganta.", disse ao Canal Beto Ribeiro, no Youtube. Ela relatou, ainda, que sofria violência doméstica e chegou a ter uma medida protetiva contra o homem em 2019.

Ao UOL, a defesa de Claudia também reforçou a versão de que a violência doméstica sofrida por ela foi a motivadora do assassinato.

"Ela era uma mulher maltratada física e psicologicamente. Por vezes, até violentada de forma sexual. E que para preservar a própria vida, matou. Hoje ela está se entregando à polícia e possivelmente vai ser presa. Mas ela deixa bem claro: nunca se sentiu tão livre", afirmou o advogado Marco Alencar.

"Vamos colocar todas as circunstâncias para que a juíza da comarca fique sabendo de todo esse cenário de horrores [que ela vivia] e vamos pedir para que a juíza imponha condições para que ela responda esse ato em liberdade", disse outro advogado de Claudia, Claudio Dalledone, ao UOL Notícias.